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Transistor kills the radio star?

Teorias

O receptor anestesiado

A propósito de um capitulo do livro de Kischinhevsky (2007: 67- ), a que chama de «A lenda do ouvinte passivo» (reconhecendo que está numa posição subalterna), algumas ideias:

- defende-se neste trabalho que a rádio remete o ouvinte a uma extrema passividade. Isso por vezes interessa, para potenciar a acumulação, mas a rádio não foi capaz de tecnica e conceptualmente perceber - nem que seja pelo exemplo do controlo remoto na TV - que o ouvinte tambem quer agir, controlo.

- controlo não é procurar alternativa no caso de não gostar (quantas opções tem? a variedade é real) nem muito menos desligar - que é tornar.se não-ouvinte;

- mas não se defende aqui uma visão conspirativa da recepção passiva (motivada por interesses mais ou menos obscuros das industrias e dos governos, sobretudo dos Estados Unidos, como acontece sobretudo com Armand Mattelart ou Herbert Schiller, além de varios autores latino-americanos a expressão de Kischinhevsky, «a mesma lente de lavagem cerebral ideológica» [70], inspirados certamente em Adorno). A recepção passiva resulta principalmente da plena adequação da rádio ao seu novo papel de escuta secundária (em acumulação - correr, conduzir, estudar),. transformando-se num modelo de sucesso. Não vamos ao ponto de defender que o ouvinte é«um ser submisso, passivo, que consome qualquer tipo de emissão sem se dar conta dos engodos que lhe são impingidos» (71), mas é verdade que o ouvinte - por falta de alternativa - acomodou-se. Passivo sim, submisso não. como demonstra o interesse despertado pela internet e a quebra nas audiencias da rádio ao longo dos ultimos anos. Estamos, pois, mais proximos daquilo que defende Ciro MArcondes Filho (o  receptor mantem-se refem da ideologia veiculada pelos meios de comunicação) (71)

- por outras palavras recusa-se aqui a ideia de dominação por parte dos grandes interesses ou dos ouvintes anestisiados/hipnotizados: «teorias que fizeram muito sucesso especialmente nos anos 70, quando falar em comunicação era falar em dominação; basta substituir os horrorosos extraterrestres por gordos capitalistas e, voilá, estará caracterizada a sociedade subjugada pelo "imperialismo cultural" norte-americano. Nesses estudos, engendrados a partir das idéias da Escola de Frankfurt e renovados pelo conceito de idelogia desenvolvido por Althusser, o receptor era um ser anestesiado por mensagens sub-reptícias, narcóticas, de conformismo, conservadorismo, autoderrotismo, romantismo, providencialismo, em suma, estímulos à sujeição diante da ordem estabelecida» (2007: 68), tambem porque, como diz o autor, «a indústria da comunicação e do entretenimento está longe de ser um bloco monolítico como podem nos fazer pensar alguns dados quantitativos» (70) TEORIAS

Fará sentido pensar nas características clássicas quando...?

«A rádio tem efeitos essencialmente diversos dos da televisão. Por estranho que pareça, o principal apelo da rádio é visual, e não sonoro. Quanto mais a mensagem sonora da rádio nos envolve, mais nos emocionamos e mais especulamos e projectamos imagens do que pode corresponder a esse fluxo sonoro de informação. Desta forma, a rádio, por si só, constitui-se num meio que apela à mobilização e à acção. A rádio apela a fazer, a agir, a ir ver como é. É por isto que a rádio tem sido frequentemente o medium utilizado por políticos e militares na mobilização das massas. Na televisão, tudo está dito e tudo está visto. Na rádio, a cada frase, a cada acorde, existe um mundo inteiro para descobrir» (ILharco, 43) 

VER McLUHAN

McLuhan e a tecnologia

«O qué a tecnologia? o que é a tecnologia de informação e comumcaçao? Melvin Kranzberg (1917-1995), um dos grandes historiadores da tecnologia, propôs corno primeira lei para entendermos a tecnologia constatarmos que ela não é boa nem má e que também não é neutra. O que é então? A própria história do homem, como no fundo McLuhan sugere? Talvez um modo de existir, como Martin Heidegger (1889-1976) aponta? » (ILharco, 2004: 11)

«Em Portugal, como em todo o mundo desenvolvido, as pessoas continuam a espantar-se com a destruição que, de tempos a tempos, as forças da natureza trazem ao dia-a-dia. Não podia deixar de assim ser, pois o modo tecnológico de ser, como sugeriu McLuhan {Understanding Media, 1994: 18], não é uma opção, mas uma imposIção: «Os efeitos da tecnologia não ocorrem nos níveis da opinião ou os conceitos, mas alteram o equilíbrio de significado e os padrões da percepção de uma forma firme e sem resistência». (Ilharco, 23-24)

OyG: a multidão activa... (e Brecht)

«Agora, de repente, aparecem sob a forma de aglomeração, e os nossos olhos vêem onde quer que seja multidões. Onde quer que seja? Não, não; precisamente nos melhores lugares, criação relativamente refinada da cultura humana, antes reservados a grupos menores, em definitivo, a minorias. A multidão, de repente, tornou-se visível, instalou-se nos primeiros lugares da plateia da sociedade. Dantes, se existia passava despercebida, ocupava o fundo do cenário social; agora passou para a boca de cena, é ela a personagem principal. Já não há protagonistas: só há coro» (OyG, 2007: 41)

«A velha democracia vivia temperada por uma dose abundante de liberalismo e de entusiasmo pela lei. Ao obedecer a estes princípios, o indivíduo obrigava-se a manter em si mesmo uma disciplina difícil. Sob o amparo do princípio liberal e da norma jurídica, as minorias podiam actuar e viver. Democracia e lei, convivência legal, eram sinónimos. Hoje assistimos ao triunfo duma hiperdemocracia em que a massa actua directamente sem lei, por meio de pressões materiais, impondo as suas aspirações e os seus gostos. » (44)

«já em 1920 Ortega acreditava que, apesar de a Europa ainda mandar no  Mundo, penas restava desse mando a perduração inercial. - Em todos os  países as massas de toda a ordem se dispõem a assaltar o poder e tornar-se  donas do estdo. - Em todos os tempos houve massas, mas o seu papel normal foi o de seguir as sugestões superiores» (OyG, 257; nota de rodapé)

A herança de McLuhan (o retrovisor...)

«Es imposible aproximarse a la evolución de las TIC y su implantación en todos los ámbitos de la realidad actual, con la vista puesta en el retrovisor. Es por eso que Manuel Castells y otros investigadores (1998), han construido una nueva base argumentativa que denominan Informacionalismo. El Informacionalismo sustituye al Post-industrialismo como matriz dominante de las sociedades del siglo XXI (CASTELLS, 1998, 2002). Este modelo tecnológico argumenta el papel central de la tecnología en todos los ámbitos de la realidad, a la vez que ofrece la base teórica necesaria para comprender el desarrollo de un nuevo modelo de estructura social denominada Sociedad Red. Se trata de un modelo que no crea información y conocimiento en si mismo. El aspecto más novedoso de la teoría informacionalista es el papel central que se otorga a las tecnologías en la manipulación de la información y del conocimiento (Lévy, 1996, 1998). El informacionalismo es, por tanto, un paradigma tecnológico basado en el aumento de la capacidad humana para procesar la información en torno a las revoluciones gemelas de la microelectrónica y la ingeniería genética (CASTELLS, 1998: 125)» (Toral e Murelaga, 2007: 53-54) 

Brecht e McLuhan

O que têm em comum estas duas frases

«O rádio seria o mais fabuloso meio de comunicação imaginável na vida pública, um fantástico sistema de canalização. Isto é, seria se não somente fosse capaz de emitir, como também de receber; portanto, se conseguisse não apenas se fazer escutar pelo ouvinte, mas também pôr-se em comunicação com ele. A radiodifusão deveria, conseqüentemente, afastar-se dos que a abastecem e constituir os radioouvintes em abastecedores» (Bertolt Brecht, Teoria do rádio (1927-1932))

«Um meio quente é aquele que estende ou prolonga um único sentido em “alta definição”. A alta definição é o modo de ser plenamente saturado (...) E a fala é um meio frio e de baixa definição, porque nos dá muito pouco, exigindo do da parte do ouvinte um processo de preenchimento. Os meios quentes [como a rádio], por seu lado, não deixam tanta coisa a ser preenchida ou completada pelo público. Como tal, os meios quentes requerem uma baixa participação, ao passo que os meios frios exigem uma elevada participação com completamento por parte do público.» (MM, [1964] 2008: 35).

separadas por 30 anos estas duas frases relatam duas ideias diferentes (mesmo antagónicas) de rádio, a primeira antes de rádio se afirmar como é hoje e a segunda relatando no que ela se transformou; Brecht queria uma rádio aberta ao público, McLuhan retrata-a como fechada. de alguma forma, o primeiro inaugurou uma ideia de rádio que nunca se concretizou, uma especie de utopia, o segundo fechou-a, sentenciou-a. Até a digitalização aparecer Brecht era utópico, McLuhan o visionário. A digitalização veio mostrar que Brecht tinha mais razão do que o conformismo de McLuhan. Pelo meio, outros pensaram a rádio, ajudando-a a tornar-se naquilo que M descreveu; nenhum, curiosamente, se inspirou em Brecht...

Lembrar Adorno, a propósito do ouvinte/consumidor de mp3

«The mp3 fetishizes and makes use of the imperfections of healthy hearing while presuming a so-called normal listening situation. The ideal listener implied by the mp3s psychoacoustic coding is Theodor Adornos nightmare: the distractedconsumer of mass culture (2002[1938], 1993[1945]). In a media-saturated environment, portability and ease of acquisition trumps monomaniacal attention» (Sterne, 2006: 836)

A rádio e a função de gatekeeper

Por exemplo na relação (clássica) com a indústria musical:

«Haverá muitos casos de interesse dos dois lados [rádios e industria], mas atendendo à quantidade de edições semanais e ao pouco espaço disponível nas listas, são frequentes casos em que as rádios não estão interessadas em incluir determinada música, apesar dos esforços da editora junto dos gatekeepers, como lhes chamam S. Barnard (Hendy, 2004:99) ou Baskerville (Neves, 1999:73)» (Meneses, 2007:7)

Brecht, o autor mais citado

Fundamentalmente esta nueva radio desarrollará nuevos formatos especializados con una gran sinergia e interactividad de contenidos y servicios entre los diferentes soportes digitales. De lo contrario ocurrirá lo que ya presagió Bertolt Brech en su Teoría de la radio en 1932, que teniendo todos los canales disponibles, no tengamos nada que contar: "[la radio] tiene la posibilidad de decirlo todo a todos, pero, bien mirado, [hay que tener] algo que decir". O aún peor, que lo que la radio cuente, no interese a los oyentes de la era digital (Martínez Costa 2004:11).

Brecht é provavelmente o autor mais citado da história da rádio, porque junta - fundamentalmente - duas qualidades; o seu pioneirismo histórico e uma perspectiva disruptiva face à rádio do momento, que foi alias a rádio durante muitas décadas. Isso fê-lo manter actual sem que nada do que disse alguma vez tivesse acontecido (!). finalmente, faz sentido cita-lo, porque aquilo que disse há 80 anos está a acontecer. Brecht sem ser um académico (?) foi sobretudo um visionário que desenhou um projecto de interactividade para a rádio que basicamente se mostrou impossivel durante 80 anos (de rádio) (ou 50 desde que escreveu). O tempo na rádio pode ser medido antes e depois de Brecht. Com uma particularidade: depois de brecht não é depois de brecht ter escrito sobre a interactividade em rádio, é depois de ter acontecido o que Brecht escreveu...

Isto significa que tudo o que Brecht disse é hoje actual ou, mesmo, válido? Claro que não: «A utopia de Brecht, de que todo o receptor de rádio deveria ser um potencial emissor, depara-se, desde logo, com um limite: saber quem vai ouvir tamanha cacofonia.
De resto, algumas das posições de Brecht sobre a rádio merecem ser sujeitas a uma análise crítica como o fez, por exemplo, Nicholas Garnham: “Brecht argued (demonstrating his technological ignorance) that it was a mere capitalist conspiracy that radio sets were not designed and marketed as transmitting as well as receiving devices, without realizing that he was talking about the telephone, which already existed on the market”
Garnham, N. (2000: 6 8) Emancipation, the media and modernity».

Concordo em parte, no que respeita à análise técnica de Brecht, pois aquilo que o autor também refere, não respeita ao público apenas enquanto emissor, mas essencialmente enquanto produtor de comunicação, o qual estaria sujeito à mediação profissional. Ou seja, colocar nas mãos do ouvinte a possibilidade de produzir conteúdos para a rádio representa uma abertura que o meio só aparentemente tem tido. Ainda que estes sejam depois submetidos à apreciação e selecção dos gatekeepers na rádio, na actualidade, o potencial multimédia e as plataformas de difusão digitais permitem gerir a cacofonia a que o Vitor se refere, e deixar nas mãos do ouvinte-utilizador, a escolha da cacofonia que pretende escutar…
Mas sim, a análise de Brecht é compreensivelmente limitada. Afinal, estavamos ainda na década de 1930 e meios como a rádio, eram ainda uma novidade. Tanto técnica, do ponto do vista da emissão e da recepção, como especialmente, um meio de comunicação social. Além de que, pespectivas posteriores, com maior ou menor influência de um pensamento economicista ou crítico, analisaram este incontornável contributo à sua maneira, tal como cada um de nós, tendencialmente faz.» (fonte: 2 respostas para “Play.it (continuação/update)” NetFM, 7/05/08

As razões que levam os jovens a ouvir (gratificações)

«Such a heavy use of radio among adolescents exists even in present times, and it has been explained by many as providing teenagers with acceptable social cues; as gIvIng them something of interest to discuss with their friends (Brown, Eicher, & Petrie, 1986); as an important source for socialization (Adoni, 1979; Mendelsohn, 1964); and even as a way of rebellion against parental norms and a search for identification with peers rather than with adults (Golinko, 1984). Regardless of the explanations, it appears that television did not significantly affect (and has not affected) the time children and adolescents spent with radio. (...)I. Christenson and DeBenedittis (1986) asked first through fifth graders why they liked to listen to radio. More than 83% gave a response that referred to the musical content of the medium, and only 25% referred to seeking information. In their study, no significant gender or age difference in gratification was found. (...)Program choices are often not determined by any program or listener attribute but, rather, by the time (and location) of listening. [The study speculates that some of these programs are not the child's choice but that of their parents. In fact, these were programs heard in the car while driving].

(...)Wells and Hakanen (1991) found a gender difference in gratification. They found that female teenagers made greater use of music for mood management (mood enhancing or tranquilizing) than their male counterparts. For males, the most highly rated function ( radio was to get excited. This is very similar to the findings of Larson, Kubey, and Colletti (1989), who found that males listen to music that excites them, while females prefer ballads and love songs.» (PAIK, 2001: 12-13)

Sobre as consequências do trabalho de Lazarsfeld

«From the dawn of commercial broadcasting, advertisers needed to know just what they were buying when they ponied up for a few seconds of airtime. The science of polling was in its infancy as radio became a mass medium, and pioneers such as George Gallup and Paul Lazarsfeld soon realized that the methods they developed for public opinion research had powerful potential as a marketing tool - and a opinion research» (Fisher, 2007: 192) 

A teoria dos usos e gratificações na rádio (até às novas tecnlogias)

««From a business perspective, Alexander (1997) maintained that the primary goal of radio programming is to maximize the size of an audience targeted by advertisers and the only way to accomplish this goal is to satisfy the needs and wants of that audience. "Uses and gratifications" has long been a popular approach to understanding audience motivations for tuning to radio and television programming. The underlying presumption is that audiences are not passive nonjudgmental receivers of media but are, rather, active seekers of program content that will satisfy specific needs. From practical considerations, such as wanting information about traffic congestion, to more abstract psychological desires, such as relief from emotional stress, listening patterns are determined by each person's expectations of how well different media or programs will gratify their needs (Rubin & Perse, 1994)» (McDowell and Dick, 2003: 48)»

«Researchers can approach these phenomena from a number of theoretical foundations, but the uses and gratifications (U &G) approach which a<;sumes an active audience ;s best applied here. Wi . With choice comes fragmentation in consumer activity and the uses and gratifications approach posits that a consumer vated to use a certain technology based on an anticipated set of need(s) or gratification obtained.» (Albarran, 2007: 93)

Katz and Foulkes (1962) clarified the concept that the media is used as an escape. Katz, Blumler, and Gurevitch (1974) argue the media is utilized by individuals to gratfy specific needs; hel Ips provide an understanding of individual user motives regarding media behavior; and identifies functions or consequences that are the result of the motivations and behavior. Katz/Haas and Gurevitch (1973) found that individs use media to connect or disconnect with themselves and others via instrumental, or integrative relations. (Albarran, 2007: 93)

In terms of U&G studies specific to radio, Mendelsohn (1964) identified several motives of radio listening: companionship, filling a void created by daily routine,altering mood, relieving boredom, providing news and information, allowing active  participation in events, and overcoming social isolation. Killing time was the only lisng motivation identified in a survey of college students conducted by lichenstein and Rosenfeld (1983 ).   Albarran, 93-94

«Paramount to uses and gratifications is the idea that peopIe are active in their selection of media and content to satisfy certain needs, and that media use comprises but one form of activity among a multiplicity of options through individuals may fulfill those needs (Katz, Blumler, & Gurevitch, 1974). Scholars subsequently argued that media activity should not be considered a singular concept. For example, Blumler (1979) posited that there are varying levels of activity in to types of media, audience motivations, and media uses. Similarly, Levy and Windahl (1985) argued that levels of activity are dependent upon the individual; both regarding the extent of activity and at what time a person exercises that activity. (...)Historically, uses and gratifications has been a fruitful approach in understanding audience uses of traditional media. (...). A few studies have considered the uses and gratifications of radio. In one such study, Towers (1985) examined the use of radio news in relation to other media and listener demographics. He found that people who listened more frequently to the radio did so for entertainment and the immediacy of news, while those who listened less frequently did so to fill time. (...) Ruggiero also argued that researchers need to expand uses and gratifications theory and to adapt the theory o the characteristics of new communication technology. This returns to Katz, Blumler and Gurevitch's (1974) notion that uses and gratifications is associated with the attributes of a particular medium» (Ferguson, 2007: 104-105)

«This study seeks to examine the relationship between young adults and radio media by applying the Uses and Gratifications approach
(Katz, 1959; Blumler, Katz, & Gurevitch, 1974) whereby audiences may select specific programming to gratify needs, desires, or to affect
mood.  However, the idea of uses and gratifications as applied to programming may also be applicable to the types of media audiences
seek for entertainment, information, or economical reasons. (...) This study suggests young adult listeners are tuning to new radio because it is convenient, provides a better quality signal or reception, there are no or few commercial advertisements, and new radio offers a better selection for stations and programming.  Listeners are more apt to stay with traditional radio to meet entertainment and information needs.» (Free, 2005)

  

Porque se muda de estação? Por causa da publicidade

A crise presente da rádio é tambem a crise de um determinado modelo comercial. «Barnouw (1970) maintained that since radio's inception in the 1920s, the notion of using program content to expose audiences to embedded advertising messages has proven to be a winning business model.» (47); «From a business perspective, Alexander (1997) maintained that the primary goal of radio programming is to maximize the size of an audience targeted by advertisers and the only way to accomplish this goal is to satisfy the needs and wants of that audience. "Uses and gratifications" has long been a popular approach to understanding audience motivations for tuning to radio and television programming. The underlying presumption is that audiences are not passive nonjudgmental receivers of media but are, rather, active seekers of program content that will satisfy specific needs. From practical considerations, such as wanting information about traffic congestion, to more abstract psychological desires, such as relief from emotional stress, listening patterns are determined by each person's expectations of how well different media or programs will gratify their needs (Rubin & Perse, 1994)» (pag 48)

 

Rádio, «o primeiro veículo de comunicação electronica»

«O auge da era das comunicações eletrônicas foi marcado pelo desenvolvimento do rádio, o que vai torná-lo o primeiro veículo de comunicação eletrônica (FIDLER, 1997:145). Reafirmando a posição de Meditsch, o rádio foi o primeiro artefato eletrônico a penetrar no espaço doméstico (MEDITSCH, 1999:35), pertencendo à mesma era eletrônica da informação da TV e do computador, sendo o rádio apenas a manifestação mais precoce (MEDITSCH, 1999:15).» Rádio na Internet: desafios e possibilidades,Autor: Álvaro Bufarah Junior, 2006

«o rádio, como tenho insistido, contra a idéia dominante no senso comum, é um veículo da era eletrônica, sua era não está no passado, sua era é a de todos os meios eletrônicos, ele apenas foi o que surgiu antes (MEDITSCH, 1999).» (meditsch, 2001, pag 2)

A visão destorcida de Adorno e Horkheimer

«O rádio era petulante: colocava em pé de igualdade, diante de um concerto de música clássica, tanto o operário maltrapilho quanto o bem nutrido capitalista. O paradigma destes estudos foi estabelecido pela chamada Escola de Frankfurt. Dois de seus maiores expoentes, Adorno e Horkheimer, em seu texto mais disseminado, não poupavam de criticas o novo meio, do qual ressaltavam o caráter totalizante de nas operações discursivas: 'o concerto de Toscanini transmitido pelo rádio é, de certa forma, invendável. É de graça que o escutamos, e cada nota da sinfonia é como que acompanhada de um sublime comercial anunciando que a sinfonia não é interrompida por comerciais - 'this concert is brought to you as public service'. A ilusão realiza-se indiretamente através do lucro de todos os fabricantes de automóveis e sabão reunidos, que financiam as estações, e naturalmente através do aumento de vendas da indústria elétrica que produz os aparelhos de recepção. O rádio, esse retardatário progressista da cultura de massas, tira todas as conseqüências que o pseudomercado do cinema por enquanto recusa a este. A estrutura técnica do sistema radíofôníco comercial torna-o imune a desvios liberais como aqueles que os industriais do cinema ainda podem se permitir em seu próprio setor. Ele é um empreendimento privado que já representa o todo soberano, no que se encontra um passo à frente das outras corporações. Chesterfield é apenas o cigarro da nação, mas o rádio é o porta-voz dela» (Adorno e Horkheirner, "A indústria cultural- O esclarecimento como mistificação das massas". In: Dialética do esclarecimento.) (Kischinhevsky, 2007: 18-19 ) 

A lógica de funcionamento da rádio e a teoria do gatekeeper

Se é certo que o termo «'gatekeeper' refere-se à pessoa que toma uma ecisão numa sequência de decisões; foi introduzido pelo psicólogo social Kurt Lewin num artigo, publicado em 1947, sobre as decisões domésticas relativas à aquisição de alimentos» (Traquina, 2002: 77), e que estudos posteriores ao de David Manning White (que analisou como «o processo de produção da informação é concebido como uma série de escolhas onde o fluxo de notícias tem de passar por diversos gates, isto é, «portões» que não são mais do que áreas de decisão em relação às quais o jornalista, isto é o gatekeeper, tem de decidir se vai escolher essa noúcia ou não», Traquina, 2002: 77) puseram em causa as suas conclusões ("Gieber (1956) refuta as conclusões de White, concluindo que o factor predominante sobre o trabalho jornalístico era o peso da estrutura burocrática da organização e não as avaliações pessoais do jornalista que, segundo Gieber, «raramente» entravam no processo de selecção. Em outro artigo, Gieber (1964) escreve que as notícias só podem ser compreendidas se houver uma compreeno das "forças sociais» que influenciam a sua produção.", Traquina, 79), a verdade é que podemos entender este conceito como menos dependente de alguém em concreto, mas numa perspectiva mais epistemológica: a ideia de que alguém ou 'alguéns' tomam determinadas decisões sobre os conteúdos que chegam aos destinatários, seja com base em critérios, digamos, pessoais, seja em conjugação com um conjunto de normas profissionais ou de pressões do sistema (neste caso, da rádio musical, da indústria discográfica)  

A lógica de funcionamento da rádio e a teoria do gatekeeper

Se é certo que o termo «'gatekeeper' refere-se à pessoa que toma uma ecisão numa sequência de decisões; foi introduzido pelo psicólogo social Kurt Lewin num artigo, publicado em 1947, sobre as decisões domésticas relativas à aquisição de alimentos» (Traquina, 2002: 77), e que estudos posteriores ao de David Manning White (que analisou como «o processo de produção da informação é concebido como uma série de escolhas onde o fluxo de notícias tem de passar por diversos gates, isto é, «portões» que não são mais do que áreas de decisão em relação às quais o jornalista, isto é o gatekeeper, tem de decidir se vai escolher essa noúcia ou não», Traquina, 2002: 77) puseram em causa as suas conclusões ("Gieber (1956) refuta as conclusões de White, concluindo que o factor predominante sobre o trabalho jornalístico era o peso da estrutura burocrática da organização e não as avaliações pessoais do jornalista que, segundo Gieber, «raramente» entravam no processo de selecção. Em outro artigo, Gieber (1964) escreve que as notícias só podem ser compreendidas se houver uma compreeno das "forças sociais» que influenciam a sua produção.", Traquina, 79), a verdade é que podemos entender este conceito como menos dependente de alguém em concreto, mas numa perspectiva mais epistemológica: a ideia de que alguém ou 'alguéns' tomam determinadas decisões sobre os conteúdos que chegam aos destinatários, seja com base em critérios, digamos, pessoais, seja em conjugação com um conjunto de normas profissionais ou de pressões do sistema (neste caso, da rádio musical, da indústria discográfica)  

A interactividade sempre foi um mito no consumo passivo

«Viewers want advanced interactive television functionality across every genre of programming and advertising:

 Mark Ramsey comenta: «This leads to a series of questions I haven't asked, but ones I suspect I know the answer to: How many listeners to your station want to interact with your programming? How many opportunities do you provide for them to do that? This is one of the great and largely squandered opportunities for radio. Sure we take callers on the air. But getting your call through is like winning a contest - it's the luck of the draw. Tools like TXT messaging and the Internet, however, are made for universal access. But how very few of our stations invite it?»

A rádio tem pouca interactividade com os seus ouvintes

Desenganem-se os que pensam que a rádio é dos meios mais próximos dos receptores, o que tem mais interactividade.

Um estudo britânico, oficial, mostra que não (via Rádio e Jornalismo):

«Segundo o ofcom a rádio é o meio de comunicação onde o nível de interacção é mais reduzido, pelo menos na realidade britânica.
A notícia vem na newsletter do Obercom que refere que a principal forma de interacção com a rádio é feita através dos sites das estações emissoras. Os programas de antena aberta, que muito contribuíram para a popularização da rádio, parecem estar a perder terreno, pois de acordo com o estudo da ofcom os contactos por telefone para a rádio aparecem em segundo ou em terceiro lugar, dependendo da faixa etária, quando os ouvintes pretendem interagir com a emissora.
Responder a uma questão ou participar num concurso são as principais razões para os ouvintes estabelecerem interacção digital com a rádio.
Os inquiridos neste estudo responderam ainda em relação aos conteúdos emitidos pela rádio. Neste caso as respostas devem representar um sério alerta para quem faz rádio nos dias de hoje:
As queixas registadas incidem essencialmente no tipo de linguagem utilizada (quer pelo locutor, quer nas letras dos temas), e na fraca qualidade dos conteúdos (intervalos publicitários muito longos, conteúdos liderados pela ditadura das audiências...)»

O estudo: http://www.ofcom.org.uk/advice/media_literacy/medlitpub/medlitpubrss/older/older.pdf