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Transistor kills the radio star?

O receptor anestesiado

A propósito de um capitulo do livro de Kischinhevsky (2007: 67- ), a que chama de «A lenda do ouvinte passivo» (reconhecendo que está numa posição subalterna), algumas ideias:

- defende-se neste trabalho que a rádio remete o ouvinte a uma extrema passividade. Isso por vezes interessa, para potenciar a acumulação, mas a rádio não foi capaz de tecnica e conceptualmente perceber - nem que seja pelo exemplo do controlo remoto na TV - que o ouvinte tambem quer agir, controlo.

- controlo não é procurar alternativa no caso de não gostar (quantas opções tem? a variedade é real) nem muito menos desligar - que é tornar.se não-ouvinte;

- mas não se defende aqui uma visão conspirativa da recepção passiva (motivada por interesses mais ou menos obscuros das industrias e dos governos, sobretudo dos Estados Unidos, como acontece sobretudo com Armand Mattelart ou Herbert Schiller, além de varios autores latino-americanos a expressão de Kischinhevsky, «a mesma lente de lavagem cerebral ideológica» [70], inspirados certamente em Adorno). A recepção passiva resulta principalmente da plena adequação da rádio ao seu novo papel de escuta secundária (em acumulação - correr, conduzir, estudar),. transformando-se num modelo de sucesso. Não vamos ao ponto de defender que o ouvinte é«um ser submisso, passivo, que consome qualquer tipo de emissão sem se dar conta dos engodos que lhe são impingidos» (71), mas é verdade que o ouvinte - por falta de alternativa - acomodou-se. Passivo sim, submisso não. como demonstra o interesse despertado pela internet e a quebra nas audiencias da rádio ao longo dos ultimos anos. Estamos, pois, mais proximos daquilo que defende Ciro MArcondes Filho (o  receptor mantem-se refem da ideologia veiculada pelos meios de comunicação) (71)

- por outras palavras recusa-se aqui a ideia de dominação por parte dos grandes interesses ou dos ouvintes anestisiados/hipnotizados: «teorias que fizeram muito sucesso especialmente nos anos 70, quando falar em comunicação era falar em dominação; basta substituir os horrorosos extraterrestres por gordos capitalistas e, voilá, estará caracterizada a sociedade subjugada pelo "imperialismo cultural" norte-americano. Nesses estudos, engendrados a partir das idéias da Escola de Frankfurt e renovados pelo conceito de idelogia desenvolvido por Althusser, o receptor era um ser anestesiado por mensagens sub-reptícias, narcóticas, de conformismo, conservadorismo, autoderrotismo, romantismo, providencialismo, em suma, estímulos à sujeição diante da ordem estabelecida» (2007: 68), tambem porque, como diz o autor, «a indústria da comunicação e do entretenimento está longe de ser um bloco monolítico como podem nos fazer pensar alguns dados quantitativos» (70) TEORIAS

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