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Transistor kills the radio star?

Brecht e McLuhan

O que têm em comum estas duas frases

«O rádio seria o mais fabuloso meio de comunicação imaginável na vida pública, um fantástico sistema de canalização. Isto é, seria se não somente fosse capaz de emitir, como também de receber; portanto, se conseguisse não apenas se fazer escutar pelo ouvinte, mas também pôr-se em comunicação com ele. A radiodifusão deveria, conseqüentemente, afastar-se dos que a abastecem e constituir os radioouvintes em abastecedores» (Bertolt Brecht, Teoria do rádio (1927-1932))

«Um meio quente é aquele que estende ou prolonga um único sentido em “alta definição”. A alta definição é o modo de ser plenamente saturado (...) E a fala é um meio frio e de baixa definição, porque nos dá muito pouco, exigindo do da parte do ouvinte um processo de preenchimento. Os meios quentes [como a rádio], por seu lado, não deixam tanta coisa a ser preenchida ou completada pelo público. Como tal, os meios quentes requerem uma baixa participação, ao passo que os meios frios exigem uma elevada participação com completamento por parte do público.» (MM, [1964] 2008: 35).

separadas por 30 anos estas duas frases relatam duas ideias diferentes (mesmo antagónicas) de rádio, a primeira antes de rádio se afirmar como é hoje e a segunda relatando no que ela se transformou; Brecht queria uma rádio aberta ao público, McLuhan retrata-a como fechada. de alguma forma, o primeiro inaugurou uma ideia de rádio que nunca se concretizou, uma especie de utopia, o segundo fechou-a, sentenciou-a. Até a digitalização aparecer Brecht era utópico, McLuhan o visionário. A digitalização veio mostrar que Brecht tinha mais razão do que o conformismo de McLuhan. Pelo meio, outros pensaram a rádio, ajudando-a a tornar-se naquilo que M descreveu; nenhum, curiosamente, se inspirou em Brecht...

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