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Transistor kills the radio star?

Brecht, o autor mais citado

Fundamentalmente esta nueva radio desarrollará nuevos formatos especializados con una gran sinergia e interactividad de contenidos y servicios entre los diferentes soportes digitales. De lo contrario ocurrirá lo que ya presagió Bertolt Brech en su Teoría de la radio en 1932, que teniendo todos los canales disponibles, no tengamos nada que contar: "[la radio] tiene la posibilidad de decirlo todo a todos, pero, bien mirado, [hay que tener] algo que decir". O aún peor, que lo que la radio cuente, no interese a los oyentes de la era digital (Martínez Costa 2004:11).

Brecht é provavelmente o autor mais citado da história da rádio, porque junta - fundamentalmente - duas qualidades; o seu pioneirismo histórico e uma perspectiva disruptiva face à rádio do momento, que foi alias a rádio durante muitas décadas. Isso fê-lo manter actual sem que nada do que disse alguma vez tivesse acontecido (!). finalmente, faz sentido cita-lo, porque aquilo que disse há 80 anos está a acontecer. Brecht sem ser um académico (?) foi sobretudo um visionário que desenhou um projecto de interactividade para a rádio que basicamente se mostrou impossivel durante 80 anos (de rádio) (ou 50 desde que escreveu). O tempo na rádio pode ser medido antes e depois de Brecht. Com uma particularidade: depois de brecht não é depois de brecht ter escrito sobre a interactividade em rádio, é depois de ter acontecido o que Brecht escreveu...

Isto significa que tudo o que Brecht disse é hoje actual ou, mesmo, válido? Claro que não: «A utopia de Brecht, de que todo o receptor de rádio deveria ser um potencial emissor, depara-se, desde logo, com um limite: saber quem vai ouvir tamanha cacofonia.
De resto, algumas das posições de Brecht sobre a rádio merecem ser sujeitas a uma análise crítica como o fez, por exemplo, Nicholas Garnham: “Brecht argued (demonstrating his technological ignorance) that it was a mere capitalist conspiracy that radio sets were not designed and marketed as transmitting as well as receiving devices, without realizing that he was talking about the telephone, which already existed on the market”
Garnham, N. (2000: 6 8) Emancipation, the media and modernity».

Concordo em parte, no que respeita à análise técnica de Brecht, pois aquilo que o autor também refere, não respeita ao público apenas enquanto emissor, mas essencialmente enquanto produtor de comunicação, o qual estaria sujeito à mediação profissional. Ou seja, colocar nas mãos do ouvinte a possibilidade de produzir conteúdos para a rádio representa uma abertura que o meio só aparentemente tem tido. Ainda que estes sejam depois submetidos à apreciação e selecção dos gatekeepers na rádio, na actualidade, o potencial multimédia e as plataformas de difusão digitais permitem gerir a cacofonia a que o Vitor se refere, e deixar nas mãos do ouvinte-utilizador, a escolha da cacofonia que pretende escutar…
Mas sim, a análise de Brecht é compreensivelmente limitada. Afinal, estavamos ainda na década de 1930 e meios como a rádio, eram ainda uma novidade. Tanto técnica, do ponto do vista da emissão e da recepção, como especialmente, um meio de comunicação social. Além de que, pespectivas posteriores, com maior ou menor influência de um pensamento economicista ou crítico, analisaram este incontornável contributo à sua maneira, tal como cada um de nós, tendencialmente faz.» (fonte: 2 respostas para “Play.it (continuação/update)” NetFM, 7/05/08

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