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Transistor kills the radio star?

3.0.0 A música e a indústria discográfica

A industria discografica à deriva

«A área da música sofrera uma perda de receitas devido as inumeras trocas ilegais de música efectuadas através da Internet. O Napster fora refreado e quase totalmente desmembrado por processos judiciais, mas fora substituído por algo muito pior e, no que se refere a 2003, praticamente incontrolável. o Napster é uma espécie de imenso armazém de músicas, mas o serviço chamado Kazaa e outros que tais funcionam mais como uma empresa de encontros na Internet, ajudando uma parte interessada a entrar em contacto com  a outra, naquilo a que se pode chamar um encontro electrónico esporádico. Além disso, os servidores estavam na Dinamarca, o software na Estónia, a página de lnternet tinha sido registado na Austrália - e isso era só o começo. (301)

Para a iTunes Music Store, a Apple desenvolveu um novo conjunto de procções contra pirataria, incluindo um formato próprio de ficheiro de música, o AAC - criado porque nenhum dos formatos disponíveis tinha capacidade para suportar defesas suficientes. Também tinha como intenção manter os utilizadores do iPod ligados à Apple, que se recusava a licenciar o formato a outros. Comprem uma canção na iTunes Music Store e depois tentem transferi-la para o Kazaa, ou para outro sítio ilegal de trocas, e serão bloqueados. O ficheiro de música AAC está codificado com uma chave digital que impede que seja transferido on-line. Provavelmente, muitos piratas de músicas devem ter tentado copiar as melodias para um CD e, depois, transferi-las novamente para os seus computadores em formato MP3. O método funciona. Só há um problema: propositadamente, a qualidade de som dos ficheiros é péssima, de modo a que ninguém os queira ouvir. (303)

Os acordos que Steve lhes apresentou não impediam as cinco empresas de seguirem projectos concorrentes. Não só concorrentes com a Apple, mas também uns com os outros. A Universal e a Sony juntaram-se num projecto on-line chamado Pressplay, enquanto as empresas-mãe da Warner e da BMG se associaram à EMI e à RealNetworks para formarem a Music-Net. Esqueceram a procura conjunta de soluções para o verdadeiro problema que ameaçava a indústria. A única coisa em que os dois grupos rivais concordaram foi que a Pressplay não cederia os respectivos direitos à MusicNet e que a MusicNet não cederia os respectivos direitos à Pressplay. Estas restrições não eram aplicadas na iT unes Music Store. (...) (305-306) Young e Simon, 2008

As novas opções da industria musical (streaming e telemóveis)

«By mid-2007, when the majors realised that digital downloads were not growing as quickly as they had hoped, they landed on a more adventurous digital strategy. They now want to move beyond Apple's iTunes and its paid-for downloads. The direction of most of their recent digital deals, such as with Imeem, a social network that offers advertising-supported streamed music, is to offer music free at the point of delivery to consumers. Perhaps the most important experiment of all is a deal Universal struck in December with Nokia, the biggest mobile-phone maker, to supply its music for new handsets that will go on sale later this year. These “Comes With Music” phones will allow customers to download all the music they want to their phones and PCs and keep it—even if they change handsets when their year's subscription ends. Instead of charging consumers directly, Universal will take a cut of the price of each phone. The other majors are expected to strike similar deals.

“‘Comes with Music' is a recognition that music has to be given away for free, or close to free, on the internet,” says Mr Mulligan. Paid-for download services will continue and ad-supported music will become more widespread, but subsidised services where people do not pay directly for music will become by far the most popular, he says. For the recorded-music industry this is a leap into the unknown.»

fonte: From major to minor Jan 10th 2008 From The Economist print edition

o que a net fez à (indústria da) música

«(...) The music industry has been transformed since Berry's teenage years. While total album sales continue to plummet - down 15 percent last year from 2006, according to Nielsen SoundScan - music is more ubiquitous than ever, thanks to digital technology.Sales of digital-music tracks from services like iTunes and Amazon.com continue to be a bright spot for the record industry. Last year, 844.2 million tracks were purchased, up 45 percent from 2006, according to Nielsen SoundScan. (...) to reach casual fans, several Internet sites have developed easy, typically free ways for music lovers to cut through the clutter: music search engines, music-streaming sites and music-based social networks. Some musical artists are using these sites to connect with their fans on a more personal level, too.» fonte: Internet making it easy for music fans to stay tuned in By Joseph De Avila , The Wall Street Journal Monday, March 10, 2008

«the results from 2007 confirm what EMI's focus group showed: that the record industry's main product, the CD, which in 2006 accounted for over 80% of total global sales, is rapidly fading away. In America, according to Nielsen SoundScan, the volume of physical albums sold dropped by 19% in 2007 from the year before—faster than anyone had expected. For the first half of 2007, sales of music on CD and other physical formats fell by 6% in Britain, by 9% in Japan, France and Spain, by 12% in Italy, 14% in Australia and 21% in Canada. (Sales were flat in Germany.) Paid digital downloads grew rapidly, but did not begin to make up for the loss of revenue from CDs. More worryingly for the industry, the growth of digital downloads appears to be slowing.»

fonte: From major to minor Jan 10th 2008 From The Economist print edition

O fim da industria musical, tal como a conhecemos

«CAMBRIDGE, MA -- February 19, 2008: In the flashily titled report "The End of the Music Industry As We Know It," Forrester Research projects that digital music sales will grow at a compound annual rate of 23 percent over the next five years, reaching $4.8 billion by 2012 -- not enough to make up for lost CD sales, which Forrester projects will fall to $3.8 billion over the same period. Half of all music sales in the U.S. will be digital by 2011, the research firm projects.» (Radio Ink, Report: Digital Music Will Pass CD Sales By 2012, 20/02/08)

Forrester Researches "End of Music Industry As We Know It"

 

«O dia em que a música on line morreu»

«“It astounds me that the industry is not working more constructively to support services that introduce listeners to new music and are supportive of paying fair royalties,” said Pandora founder Tim Westergren.

“The consequence of failing to support companies such as Pandora will be the continued explosion of piracy, the constriction of opportunities for working musicians, and a worsening drought of new music for fans.”»

Telemóveis e música digital (ainda cara), o novo tandem (Nokia)

«Depois da onda de optimismo gerada ontem com o anúncio do novo serviço da Nokia denominado “Nokia Comes With Music” que irá oferecer durante um ano downloads grátis da Universal Music a quem adquirir um novo telemóvel da fabricante finlandesa é altura de colocar mais água na fervura. É claro que já se sabia que a oferta iria incluir obrigatoriamente algum tipo de DRM, mesmo se os utilizadores tivessem a possibilidade de guardar a música depois da subscrição anual terminar. Mas segundo informa a Ars Technica, o sistema de DRM escolhido pela Nokia foi o PlaysForSure utilizado pela Microsoft no seu formato Windows Media. Ora, este sistema, para além de ser incompatível com o iPod da Apple, também não funciona com o Zune, o próprio leitor de música digital da Microsoft. E apesar das faixas poderem continuar a ser reproduzidas após o fim do prazo da assinatura anual, para ter acesso a mais música nova e renovar a subscrição, os consumidores terão que ser obrigados a comprar um novo aparelho… da Nokia, evidentemente. Quem também quiser gravar para um CD as músicas descarregadas terá que adquirir uma actualização para cada faixa. (...) Segundo a Nokia, o preço da subscrição será incluído no custo de venda do telemóvel. Isto é basicamente a primeira implementação na prática do modelo Total Music da Universal divulgado pela comunicação social no mês passado que iria supostamente permitir que os fabricantes de telemóveis e operadores de telecomunicações oferecessem serviços de downloads ilimitados juntamente com um novo dispositivo. Segundo o plano da editora, estas empresas teriam que pagar uma subscrição mensal de cerca de cinco dólares por mês por cada unidade comercializada. Esse valor poderia ser depois acrescentado ao custo final do aparelho ou cobrado à parte como uma espécie de tarifa plana. A nova oferta da Nokia confirma assim os piores receios na altura em que o plano da Universal foi anunciado: A música grátis, afinal, sai cara, muito cara. No caso do “Comes With Music” é o preço de um novo telemóvel. Por essas e por outras é que eu não uso telemóveis. Todo o hardware e software dos dispositivos está feito para controlar os usos do consumidor. Trata-se de uma autêntica “caixa negra” que limita a liberdade do utilizador e em que quase tudo é a pagar ou implica uma contrapartida oculta.

fonte: «O Nokia vem com DRM», 5/12/07 Rexmitures

Rádios dos EUA passam a pagar royalties

«Members of the Senate and House Judiciary Committees have introduced a proposed bill that would force terrestrial broadcasters to pay a performance royalty, the first royalty obligation of its kind for AM/FM radio.
As attorney David Oxenford points out on the Broadcast Law Blog, the rates announced for "small" and non-commercial broadcasters again raise the question of "fairness" between platforms, particularly with regard to rates paid by similarly-sized webcasters.
Even before plans for the legislation were announced by Rep. Howard Berman in October, broadcasters and record labels have been engaged in heavy campaigns surrounding the issue. Now, with the introduction of a bill, observers should expect the issue of performance royalties to draw heavy media attention, perhaps even more than the issue of webcasting royalty rates has garnered since early 2007. (RAIN)

«Currently, broadcasters pay only for the right to use the composition and do not pay for the use of sound recordings in their over-the-air operations of the actual recording. “This long-expected bill will no doubt fuel new debate over the need and justification for this new fee… The proponents of the bill have contended that it is necessary to achieve fairness, as digital music services pay such a fee. To ease the shock of the transition, the bill proposes flat fees for small and noncommercial broadcasters – fees which themselves undercut the notion of fairness, as they are far lower than fees for comparable digital services»

A internet, a rádio e a década de 20

« (...)It's what happened back in the 1920s when the record industry first faced off against a new cutting-edge medium: Radio. "The music industry was very afraid of radio in the '20s," says Rob Bowman, Grammy-winning music historian and professor of ethnomusicology at Toronto's York University. "If you look at 78s from that period, they often have printed on the label, 'Not licensed for radio play.' Radio was an eminently superior medium, and the music industry thought radio was simply giving away their product -- 'Why would people ever buy 78s if they could hear them all day for free?' was the line of reasoning." It took nearly 20 years for the record industry to come around, he says. (...) Like a stuck 78, history has kept repeating for the record industry, which rarely responds well to technological change. "If you look back at the history of selling records, tapes and CDs from the 1890s to the present, you'll see waves of incredible expansion and then troughs of crisis." And of course, it's happening now as the music industry struggles to deal with the paradigm shift posed by the Internet.  "I look at the Internet now in the same way as radio in the '20s," Bowman says. "But (the record labels) are too afraid to turn, in some ways. You get people who are entrenched in a particular business model. So when there's a paradigm shift like we're seeing, and it means that dozens of your employees -- and maybe even you -- are going to become redundant, you're probably going to try and fight that. That's a natural instinct. "It's easy to say, 'What a bunch of idiots, they should have seen this coming and they should have done that.' And yes, all of that's probably true. "But it's not surprising. It's unfortunate, but not surprising." The record companies might do well to absorb at least one lesson from the days of 78s and radio. "A lot of those companies that were around back then don't exist anymore," Bowman says»

fonte: «Internet is the new radio»,London Free Press, Sun, November 25, 2007, By DARRYL STERDAN, SUN MEDIA

As vendas digitais de música não vão substituir o CD tão cedo

(não acredito, mas...)

«A new study from Jupiter Research has found that, though digital music sales will continue to grow over the next five years, those sales won't be enough to offset the loss from declining CD sales. In five years digital will account for more than one-third of music sales, says Jupiter, with spending on digital music rising to $3.4 billion by 2012. But with CD sales continuing to fall, "That means digital music sales will not compensate for lost CD sales in five years," said Jupiter VP/Research Director David Card. "Nor will they return the overall industry to growth. But that's where the growth is."
Downloads will be replacing CD purchase for "many -- but not most -- music buyers," according to the report, while Napster- or Rhapsody-style subscription services "will appeal primarily to niche audiences."»

fonte: «Study: Digital Won't Replace Lost CD Sales Any Time Soon», Radio INk, 21/11/07

A música é cada vez mais portátil, pessoal (e digital)

«Users of virtually all current Windows Mobile phones and PDAs not only can explore music across more than 5,000 internet radio, terrestrial radio, Sirius Internet Radio and XM Radio channels, but they can now easily move from the excitement of music discovery to the satisfaction of purchase with anywhere access.

When a SelectRadio user hears a new song or artist they like, they can retrieve detailed information about the artist and albums containing the exact song with a single button. Users can see available song purchase options, listen to samples from the artist, and purchase directly from their smartphone. Users can also tag a newly discovered song and have the song information emailed to them.

According to the 2007 Arbitron The Infinite Dial:Radios Digital Platforms consumer survey, Internet radio listeners are 230 percent more likely to purchase digital music than the average consumer. (...)

SelectRadio software uses the Windows Mobile device network connection to provide audio access on the go, in the office, or at home. For easy access to popular broadcasters, SelectRadio software includes pre-set channels from top broadcasters, such as Internet radio pioneer radioio (symbol:iwdm.pk), AccuRadio; Sirius Internet Radio (Nasdaq:SIRI); XM Radio Online (Nasdaq:XMSR); and Shoutcast. Users can combine favorite channels and podcasts into custom groups for easy access and create a virtual dashboard showing whats playing across multiple channels, with one-click access. With its patent-pending HyperScan technology, SelectRadio software automatically seeks favorite artists and can be set to skip specified artists.

SelectRadio software is now compatible with all popular Windows Mobile 5 and Windows Mobile 6 devices including smartphone models such as the Samsung Blackjack, HTC Excalibur, Motorola Q and touchscreen models such as the UTStarcom 6800 and Treo 700/750 series. SelectRadio software requires a network connection via either the handheld wireless carrier or WiFi connection. SelectRadio software is priced at $25 for a device-specific license. Customers using licensed copies of SelectRadio v3.x can upgrade the same device to the new v4.0 for free. A free 10-day fully functional trial is available for evaluation prior to purchase at www.selectradio.com

fonte: «New SelectRadio® Software Extends Music Discovery to Music Purchase and Personal Music Library Access for Windows Mobile Phone Users»

Autores que estudaram o papel da música na comunicação radiofónica

Balsebre (1996): a percepção das formas musicais constitui uma multiplicidade de sensações, e que o simbolismo da música encontra na rádio a sua caixa de ressonância, provocando a evocação de imagens no ouvinte. Referiu também que a mensagem radiofónica resultante da combinação de música e palavra adquire uma significação global superior à significação autónoma da música e da palavra em si mesmas, como também Crisell (1994)25 já havia enunciado» (a partir de Paula Cordeiro/tese/pag.72)

«No contexto da cultura de massas, o autor [Eco] entendeu que a rádio integraria o conjunto dos meios de comunicação que colocam os bens culturais à disposição de todos. Para Eco, o sistema do qual a rádio faz parte favoreceu a divulgação e apropriação musical, concebendo o meio sem grandes inclinações estéticas, desempenhando uma função de retransmissão musical. Esse propósito rotinizou a escuta, transformando a música num acessório que acompanha o ouvinte, desvirtuando os conceitos de atenção e crítica» (ECO, 1991 [1964]); PC/TESE/75)

Música e rádio, uma relação de dependência nas índustrias culturais

«Veículo das indústrias culturais, a rádio é hoje meio e instrumento, sem que, na generalidade dos casos, se consigam definir as tradicionais funções de formação, informação e entretenimento que caracterizam a comunicação radiofónica. Como nos restantes sectores da comunicação social, estabeleceu-se uma relação mútua de dependência entre as indústrias culturais, destacando-se a ligação entre a música e a rádio» (Paula Cordeiro, tese de doutoramento, pág. 51)

A rádio musical será o que vier a ser a nova industria discográfica

«No último mês, a cada vez mais fragilizada indústria discográfica sofreu três abalos devastadores (para não dizer mortais). Primeiro foi Prince quem decidiu distribuir gratuitamente o seu novo disco, PLanet Earth, com o suplemento dominical de um jornal britânico. Alguns dias depois, Madonna deixou a Warner e assinou contra com uma produtora de espectáculos ao vivo. Mias o golpe de misericórdia foi desferido pelos Radiohead que colocaram o seu novo disco na Internet, prescindindo de editora. Num golpe de génio, a banda propôs o «download» pelo preço que cada um quisesse dar. (...) O que parecia uma estratégia suicida revelou-se, portanto, um excelente negócio. Nos Estados Unidos, como no resto do Mundo, o negócio do disco vai de mal a pior. Desde 2002 que as vendas não param de cair e os números mais recentes são catastróficos. Vendem-se hoje, grosso modo, metade dos discos que se vendiam há cinco anos. E a tendência é para as coisas piorarem (...) Se é verdade que se vendem cada vez menos discos, não é menos certo que se ouve cada vez mais música. O negócio dos concertos está em plena expansão (nos EUA as receitas de venda de bilhetes duplicaram nos últimos cinco anos) e as multinacionais do disco compreenderam-no finalmente. Em França, editoras como a Universal e a BMG até já compram salas de espectáculo para aí apresentar os seus artistas. Os mais pessimistas alertam, contudo, para novos riscos, também neste domínio. No mundo actual, as galinhas que põem ovos de ouro têm a vida cada vez mais curta. Um dos perigos que se correm é precisamente o da gratuitidade. Há cada vez mais Câmaras Municipais e grandes instituições privadas a promover eventos com entrada livre. Começa também a haver algum excesso de oferta. (...) No ano em que comemora 25 anos, o CD (o Compact Disc foi lançado em 1982, fruto de uma colaboração entre a Philips e a Sony) está, pois, elas ruas da amargura.»

fonte: «O fim da era do CD», Jorge LIma ALves, EXpresso/Actual, 3/11/07, págs 11-13  

Só 38% pagaram pelo disco dos Radiohead

«Just 38 percent of Radiohead fans paid for the latest album, according to data recently supplied by comScore.  The band began allowed fans to name their price for the downloadable release, In Rainbows, a closely-watched experiment.  But most fans grabbed the album for nothing, and a significant percentage paid next to nothing.  According to the data, 17 percent paid an average of $4 for the album, while 12 percent paid between $8 and $12.»

Radiohead Numbers Emerge, 62 Percent Paid Nothing, DigitalMusicNews, 5/11/07

 O assunto tem sido acompanhado aqui.

Ainda (as ondas de choque) sobre o que fizeram os Radiohead

Em continuação a este texto:

«(...)se tornaram responsáveis por aquilo que o «Times» de 7 de Outubro designava como «The day the music industry died»: (...)Tradução rápida e evidente: uma das mais notórias bandas mundiais assume publicamente que, para o bem e para o mal, a música gravada é já, tendencialmente, gratuita e que a única forma de minimiar os prejuízos é usar as armas do «inimigo», passando a encarar o CD (físico ou virtual) como mero material de promoção para o que realmente conta - os concertos. (...) Enquanto estratégia de «marketing», deverá ser considerada, desde agora mesmo, exemplo brigatório de «textbook». Até porque o «espírito los tempos» não sopra noutra direcção senão nesta: a vertiginosa queda nos números de vendas de CD, nesta década, não pára de acelerar (no último ano, menos 10% em Inglaterra, 25% em França, 35% no Canadá); a cadeia de lojas HMV anunciou que, nos seis primeiros meses de 2007, as vendas se reduziram em 50%, e Richard Branson, após prejuízos de 50 milhões de libras, declara o óbito das Virgin Megastores; a EMI (cujo número de funcionários, em dez anos, a nível mundial, encolheu de 10 mil para 4 mil), adquirida pelo grupo financeiro Terra Firma, vale actualmente um terço do que representava em 1997; paralelamente, a partilha de ficheiros ilegal pulveriza diariamente recordes (e toma risíveis todas as invesidas «repressivas» sobre milhares de milhões de corsários) enquanto os números de público presente em conccrtos (com bilhetes a preços que, no caso dos Police e Rolling Stones, variavam entre as 70 e I50£), no Reino Unido - até ao final leste ano, 450 festivais de música -, cresciam 11%». (LISBOA, João, «Hail to the thief», Actual/Expresso, 20/10/07, pág 50/51)

Manu Chao: transformar a página numa «pequena rádio»

«(...) talvez tenhamos de mudar o conceito de obra: um CD retrata o artista num determinado momento, mas isso pode ser ampliado. Embora La Radiolina [o seu disco de 2007] tenha 20 temas, agora quero seguir na mesma onda. Vou transformar a minha página na internet numa pequena rádio que vai difundindo as novidades. No final, La Radiolina pode vir a ter 30 ou 40 canções». (MANRIQUE, Diego, «Manu Chao, a vida livre» Visão/el País, 6/09/07, pag 101) 

As dificeis relações entre rádio e indústria musical

«MediaPost has detailed analysis of several analysts' projection for Internet radio revenue, which could someday rival terrestrial radio. Online advertising is the fastest growing segment for newspapers and radio alike, growing by 16 percent during the first quarter of the year. Advertising via online radio has several advantages over terrestrial: it's interactive to spur purchases or other actions, it adds a visual element (banners etc.) to compliment the audio messaging, and it can be used to sell music.
Internet radio should be the music industry's best friend, but instead the two groups are constantly sparring. Radio stations are offering "click to buy" options for recently heard tracks to encourage sales, but the copyright holders group is doing everything it can to prevent the growth of online radio. Sooner or later the music industry will realize that Internet radio can generate much more revenue through advertising and direct sales than iTunes ever could and will play nice» (fonte: «», John Gartner, Marketingshift, 7/09/07)

Rádio, internet e os novos tempos

«Houve um tempo em que só existia uma forma de fazer com que um álbum se tornasse num hit: a rádio. Nenhum outro meio chegava a tantas pessoas com tanta frequência. Não era fácil fazer parte da lista de músicas passadas por uma rádio (especialmente depois de os subornos aos DJ terem passado a ser puníveis por lei), mas assim que uma canção começava a ser emitida, ganhava logo uma elevada probabilidade de ser mais vendida. Depois, na década de 80, apareceu a MTV, que se tornou na segunda forma de criar um hit. Dispunha de uma capacidade ainda mais limitada para divulgar novas músicas, mas a sua influência sobre toda uma geração foi inigualável. No que diz respeito às editoras discográficas, esses foram tempos áureos. Tratava-se de um mercado fortemente competitivo, mas era um ramo que conheciam muito bem. Compreendiam as regras e era possível ganharem a vida se soubessem mover-se nesse meio.

Mas, agora, a rádio aparenta ter entrado num movimento de declínio termínal e a MTV já não passa tantos telediscos como antigamente. Então, de que forma se pode comercializar a música? As editoras sabem que a resposta reside na Internet e aproveitam as forças do "passa palavra" que estão a substituir o marketing tradicional na criação de tendências da procura, mas continuam a tentar descortinar a melhor forma de o fazerem» (ANderson, 2007: 103)

A música continua na moda

«(...) a música não deixou de estar na moda, muito pelo contrário. Nunca os tempos foram tão favoráveis para um artista ou um fã. Mas foi a Internet que se tornou o irrevogável veículo de descoberta de nova música. O tradicional modelo de promover, vender e distribuir música deixou de ser popular. As grandes marcas e os grandes retalhistas, que atingiram dimensões gigantescas devido à máquina radiofónica de criação de hits, depararam-se com um modelo de negócio dependente dos grandes hits, ao nível da platina - que hoje em dia não existem em quantidades suficientes. Estamos a assistir ao fim de uma era. Todos aqueles que usam os tais auscultadores brancos estão a ouvir a sua própria emissora de rádio, livre de anúncios. A cultura sofreu uma transição» (ANderson, 2007: 38)

Bjork, o videocidadão e a rádio

Antes, quando não havia a Internet, Bjork teria recorrido  provavelmente á rádio para este concurso de videoclips para o seu novo single Innocence. Agora que a rádio está a dormir (que não tem iniciativa) e que existe a Internet, os músicos contactam directamente com os seus fãs e, genericamente, ouvintes. Por isso, os videos enviados, e que estão aqui, passaram ao lado da rádio.