sobre o futuro da rádio
Primeira nota: rádio é conteúdo, é o conteúdo que define a rádio (não é a tecnologia). Rádio é, portanto, um conteúdo sonoro programado de certa forma e transmitido num único fluxo (emissão síncrona ou linear).
Enquanto existir esse fluxo (de voz ou musica) transmitido linearmente estaremos a falar de rádio (não há, portanto, rádio personalizada, o Last.Fm não é rádio, o cotonete não é rádio); isto não significa que um operador clássico de rádio convencional não possa, além do seu ’core business’ que é o tal fluxo linear, ter outras ferramentas, assíncronas, que tanto podem resultar da emissão linear (hertziana ou streaming) como de novos conteúdos: podcasts, arquivos ou mesmo de ’smart radio’ (last.fm ou cotonete).
A partir do momento em que não haja um fluxo sonoro contínuo e único já não será correcto chamarmos rádio. Da mesma forma que ninguém diz que está a ver televisão quando vê videos no Youtube, tambem não fará sentido chamar rádio a conteudos de personalização ou assíncronos. Chamar-se-á o quê? Ninguém está em condições de responder.
Se a tendência de personalização se confirmar, é claro que as emissões de consumo passivo (a rádio convencional) serão cada vez mais minoritárias. Continuará a haver ouvintes interessados (por várias razões) mas se as receitas publicitárias são cada vez menores, a partir de um certo momento deixarão de ser rentáveis (suficientes). Não haverá uma massa crítica ao nivel da quantidade de ouvintes e das receitas suficientes para viabilizar o negócio.
A industria da rádio terá, portanto, de encontrar alternativas. Ao nível dos conteudos, proporcionados pela digitalização.
Existirá rádio enquanto o fluxo existir; deixará de existir rádio quando o fluxo de programação sonora for desactivado.
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