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Transistor kills the radio star?

Não, isto já não é rádio...

«O rádio digital não será mais o que é hoje, ou seja, um aparelhinho pra gente apenas ouvir. Ele poderá ter um pequeno display, onde poderemos ver o nome da música e do intérprete (convenhamos: Isso sempre fez falta. Quantas músicas bonitas, alegres ou tristes eu ouvi, e queria saber o nome da música ou do intérprete mas não deram, passou e nunca mais eu soube…). Bem, esse display poderá ser um pouco mais requintado e poderemos ver então a capa do CD (ops! quase digo “capa do disco”…) ou o que seria melhor: a cara do artista. Depois, na hora do noticiário, poderemos ver as fotos das notícias, como se fosse no jornal. Ou, então, até pequenos segmentos de vídeo, em baixa resolução, como, por exemplo, o repeteco do gol do timão. Goooooooooolllllll !!!!

Ei, eu disse “vídeo”? Mas eu não estava falando sobre rádio (digital)?

Mas a TV (digital) vai continuar sendo TV, com som e imagem. E, claro, com funções interativas. Como na Internet? Talvez sim, talvez não, talvez diferente. E imagem de alta definição e som envolvente (surround). Ou então uma imagem mais normal, mas num aparelhinho que vai parecer um livro – você carrega pra lá e pra cá, pára num canto para tomar um lanche, abre o tal “livro”, e pronto: começa a assistir o seu programa favorito, seja ele um noticiário ou o capítulo de hoje da novela. Bacana. E também vai ter uns receptores ainda menores, que você vai poder carregar no bolso – seja para assistir programas numa pequena tela que não chega a dez centímetros de tamanho, seja apenas para ouvir o som, enquanto espera alguma coisa. Sim senhor! TV sem imagem, apenas som… Ei, mas não estávamos falando sobre TV… digital?

Onde termina uma coisa e começa a outra? É, estamos vivendo num mundo em que velhos conceitos não valem mais. Antigamente as coisas eram mais simples. Pão pão, queijo queijo, já dizia o ditado. Eram homens de um lado e mulheres de outro. Hoje em dia as coisas estão mais difusas, vocês entendem, não é?

Vejam por exemplo a proposta do DAB (Digital Audio Broadcasting), na Alemanha. Originalmente concebido para ser um rádio digital (ou seja, basicamente áudio), agora estão começando a transmitir jornais para serem lidos no receptor. Proposta parecida ao do DMB (Digital Multimedia Broadcasting), na Coréia: em vez de áudio, o que se transmite são programas multimídia, de video clips a joguinhos eletrônicos. E o que dizer do DVB-H (Digital Video Broadcasting for Handheld), onde o receptor é mais parecido com um pequeno computador de mão? Mais ou menos como os tais terminais de telefonia celular 3G. Ei, mas não estávamos falando de rádio, quero dizer, de televisão digital? Ah, sei lá. Esse mundo está cada vez mais confuso.»

fonte: Takashi Tome, «TV Digital, Rádio Digital e outras esquisitices no ar». 14/03/07

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