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Transistor kills the radio star?

3.0.1.2 Redes sociais

Mais uma vedeta do MySpace (Tila Tequila)

«MySpace celebrity Tila Tequila is now branching into music with a do-it-yourself game plan.  Tequila, who has over 1.7 million MySpace friends, is releasing her first single, "I Love U," exclusively on iTunes.  The move is happening without the help of a label, and Tequila is promoting her track heavily on her MySpace page.  "Tila Tequila turned down two record deals, believing that having absolute control over the kind of music she released and how she was portrayed was more important than being part of the system," a blurb on the Tequila page declares.  The model-turned-artist is also promoting the release with a free video for the track, available on iTunes for a two-week window.  A sample of the song can be streamed on the MySpace page, along with a number of other tracks. "I Luv U" was produced by Lil Jon, and carries a rough edge that is consistent with the Tequila image.  That has clearly resonated with the MySpace audience, though it remains unclear if those fans will also purchase the Tequila download.  Celebrities have had mixed success crossing into music, though Tequila will pull a far greater percentage of revenues than a traditional label artist.  And the Tequila audience is entirely online, and easily accessed and marketed to.  If successful, expect Tequila to release more materials direct-to-fan, with or without iTunes as a partner.  Fans can also expect a fair amount of revolutionary, anti-label zeal, an approach that also fits neatly into the Tequila profile.»

fonte: Digital music news, «MySpace Celebrity Tila Tequila Releases iTunes Single ». 26/02/07

Quatro grandes desenvolvimentos da digitalização (online world)

«Broadly, there have been four big developments in the online world in the past few years.

The first is the decline in the cost of media distribution—thanks to digitization and broadband—which has helped to make even relatively unloved content commercially viable. The second phenomenon, which has been sparked by the decline in the cost of media production, as well as by the development of tools for sharing content, has been the rise of user-generated content perhaps better described as "participatory media". This has been exemplified by the phenomenal success of web sites like MySpace, acquired by Rupert Murdoch’s News Corp, and YouTube, the video-sharing site acquired by Google. The third development is the rise of sharing, be that deliberately, for example, through wikis—a software tool allowing for collaborative working—or involuntarily. The way in which information is organized is also changing – phenomenon number four. Instead of a traditional hierarchy of information by experts, i.e., a taxonomy, web users are increasingly categorizing online content—web pages, photographs and links—for themselves. This dramatically reduces the cost of search and information management and has given rise to new businesses.»

«The Impact of Digitalization», KPMG, 2007

O novo fenómeno musical criado pela Internet: Mika

«Há um semana, ainda o disco de estreia de Mika, Life in Cartoon Motion, não tinha chegado às lojas e já o rapaz era apontado como a nova grande estrela musical do Reino Unido. Completava então duas semanas no topo da tabela de singles inglesa, com mais de 100 mil downloads vendidos do tema 'Grace Kelly'. E mesmo sem um único álbum no currículo (chega a Portugal a 5 de Março) (...). Em Julho de 2006, a newsletter Popbitch, dedicada às celeridades inglesas e ao mundo pop, fazia prova de um olfacto apurado ao vaticinar que um desconhecido chamado Mica Penniman seria 'a super estrela dos próximos anos'. Mika, recém-chegado ao site MySpace [que permite disponibilizar música online], viu-se, de um dia para o outro, venerado por centenas de visitantes. O fenómeno estava lançado. Pouco depois, uma votação organizada pela BBC apostava em Mika para talento revelação de 2007 - os vencedores anteriores tinham sido 50 Cent e Keane. Colin Martin, da estação, apressou-se a afirmar que, por vezes, aparece um artista com sucesso escarrapachado na cara e 2007 parece que vai ser o ano de Mika». Do outro lado do Atlânlico, Tommy Mottola, o homem que lançou Mariah Carey, afirmava que «ele poderá atingir a grandiosidade de [David] Bowie, Robbie [Williams] ou Elton [John] » .

fonte: «Estrela Imprevista», Sol/Tabu, Gonçalo Frota, 9/02/07, pág 22 

A rádio e a web2.0

«(...) One of the buzz words of recent years in the media industry has been disintermediation, referring to the Internet's ability to connect consumers directly to producers, eliminating “the middleman.” While this movement has been largely embraced in some spaces, it has been more successful in connecting individuals to one another and to small businesses (witness eBay and other similar sites). This trend is expanded in Web 2.0 with a host of social networking and user-generated content sites, greatly empowering individual expression, and allowing birds-of-a-feather to meet and interact in a rich yet inexpensive virtual way.  (...) Web 2.0 builds on this, with recommendation engines and other discovery/sharing processes building appeal. This is where a high-quality, “radio-like” service fits in. It's therefore no surprise that several popular music download sites include “radio” services among their offerings. Retail 101 tells us that there's no better way to stimulate sales than by free samples of good stuff. This has always been one of radio's key values to both consumers and record companies, but the connection has always been indirect, and airtime has always been scarce. Web 2.0 will change this, with “radio” services proliferating almost infinitely, while providing a showcase for a wide range of samples from an online vendor's inventory. (...) Finally, music services aside, the strong social networking culture of Web 2.0 may also warrant the development of streaming audio services that address specific subject matter or interest groups — much like trade magazines do in the print world. Again, aggregation of audience builds the commerce of the site, and popular radio-like services could be a key component of this. So while the implementation and business models may change, it seems there will always be a place for well-presented audio services. We call them radio today, and probably always will, but the term may someday become simply a recognition of its roots. Web 2.0 will likely widen the opportunities for new, targeted, radio-like services, and who better to provide them than experienced broadcasters? Keep your eye on this ball as it bounces into a new court.»

fonte: «Where Will Radio Go in Web 2.0?», Radio World, Skipp Pizzi, 17/01/07 

«a importância destes new media como fontes fundamentais de formação»

«Enquanto a Universal Music leva o MySpace a tribunal, criticando infracções no campo dos direitos por indevida exposição de telediscos, mal reparando que ali (juntamente com YouTube) tem janelas de divulgação para muitos dos seus novos artistas, a quem a TV e rádio fecham a porta, a CBS (estação de TV americana) bate as palmas porque, depois de assinado um acordo com o YouTube, nele descarregando largas quantidades de clips de programas seus, o programa de David Letterman aumentou as audiências em nada mais nada menos que 200 mil espectadores diários! É por atitudes como estas (da CBS) que vemos a importância destes new media como fontes fundamentais de formação e estímulo de novos públicos. É por atitudes como esta (da Universal) que aconselhamos os profissionais do sector (facção mais conservadora e desatenta, leia-se a maioria das grandes estruturas) a procurar outro emprego a curto ou médio prazo, a abrir uma pequena editora voltada para nichos (as únicas que irão sobreviver ao vedndaval), ou a experimentar, sei lá, a jardinagem...» (nuno Galopim in sound+vision, 24/11/06)

Para Mark Ramsey, há outra lição a tirar destes numeros: ganha quem tem os conteúdos. Ou seja, o material da CBS já era um sucesso, mas a partir do momento em que passou a ser distribuído por outros canais (o Youtube, no caso) ganhou ainda mais força. Mais do que dominar os meios/plataforma, há que ter conteúdos que façam a diferença.

YouTube comprado em Outubro de 2006 pela Google (1,31 mil milhões de euros)

(3.1.1.3) A wikipedia é o melhor exemplo de net social:

- uma enciclopédia desprovida de sentido comercial

- consulta gratuita

- projecto sustentado através de donativos altruístas

- permite conhecimentos infinitos

- wiki é «um sistema de edição de páginas na Internet concebido para o trabalho colaborativo», com grande simplicidade e muita informação

- em cinco anos tem 4,6 milhões de artigos em 230 linguas e dialectos («entre línguas, vivas, línguas mortas e línguas imaginárias»), só em inglês 18 vezes maior do que Enciclopédia Britânica; 177.000 artigos em português (sobretudo redigido por brasileiros); sétimo domínio mais procurado no mundo;

- principais críticas: a exactidão das informações e o vandalismo de um sistema aberto a todos;

- «Um utilizador comum abre uma entrada sobre um novo assunto, um wikipedista é avisado e vai ler e retocar, outro wikipedista com mais responsabilidade verifica a correcção geral – tudo de forma transparente, o que é um alívio para muitos. A grande diferença é esta: no mundo dos «bits» qualquer erro, não importa em que nível de edição tenha sido cometido, é corrigido no minuto seguinte a ser detectado, enquanto no mundo dos átomos pode demorar uns anos até a «verdade» ser reposta»

(citações tiradas de «O Saber Mutante», Expresso/Actual, 30/9/06, Paulo Querido, págs 29/30)  

Lily Allen:

Tornou-se conhecida através da Internet e do my space e veio provar que se pode atingir o sucesso (ou conseguir uma «carreira») sem o circuito classíco promocional da rádio ou da televisão.

Ainda não tinha lançado qualquer disco, mas colocara quatro músicas na sua página.

Consta que em pouco tempo teria mais de 40 mil «amigos» registados e que as suas canções foram tocadas mais de um milhão de vezes. Só depois é que assina com uma editora e grava «Alright Stil…»

«Agora há diversidade, hipóteses de escolha (…) A Internei permite que os miúdos encontrem música nova em vez das coisas de sempre. Os miúdos fartaram-se de estrelas pop manufacturadas, falsas. Querem algo diferente. Com a Internet podem procurar e encontrar exactamente aquilo que desejam, em vez daquilo que lhes disseram [de] que deviam gostar.” (Publico, 4/8/06, suplemento Y)

O modelo de viabilização do YouTube

«Diariamente são vistos no sítio mais de 100 milhões de videos. O sucesso é enorme e lançou os analistas da nova economia numa terrível angústia. Qua1 é então o modelo de negócio dos dois jovens? Para mais quando a concorrência, que anda assustada, estima que o YouTube gaste mensalmente cerca de 500 mil dólares (quase 390 mil euros) só para alojar os vídeos nele editados pelos seus utilizadores espontâneos (…). A revista The Economist escrevia há dias que, não tarda muito, empresas como a YouTube serão inundadas de processos jurídicos por desrespeitarem a propriedade intelectual e industrial do material difundido na Internet«.

(João Lopes Marques, «Os rapazes do tubo mágico», Sábado, 2/9/06, págs. 76 e 77)

«Os primeiros fenómenos criados na rede»

(DN, 24/9/06, DP, pág. 4)

- Os Gnarls Barkley conseguiram, inclusivamente, a proeza de permanecer por nove semanas consecutivas na liderança da tabela britânica de singles apenas com downloads do seu single de estreia Crazy. Antes, quer através da sua página no MySace, quer pelo seu site pessoal, foi criado um enredo à volta da personagem Gnarls Barkley que acelerou o interesse popular em torno deste projecto.

- Artic Monkeys, que conseguiram bater o recorde de vendas na semana de lançamento do seu álbum de estreia. lsto depois de a canção I Bet You Look Good on The Dancefloor ter sido difundida meses antes através do seu site e, também ela, atingido o primeiro lugar na tabela de singles inglesa.  

- Clap Your Hands Say Yeah

- Lily Allen pode ser considerada como uma vedeta precoce, mesmo antes da edição do seu primeiro álbum, muito graças ao milhão de vezes que Smile, o seu primelro single, foi objecto de audição.

«Estes foram apenas os artistas que por via digital conseguiram maior sucesso. O futuro encarregar-se-á de os eleger como pioneiros e de tomar este acontecimento numa banalidade tão grande quanto hoje é comprar um dlsco», diz Davide Pinheiro, DN , 24/9/06, «Os primeiros fenómenos criados na rede»

Lançar música no MySpace e escrever na página

(não é só aproveitar a página para lançar uma nova música; é também aproveitar a página para escrever e comunicar com os fãs)

«Former Pulp frontman Jarvis Cocker has released his first solo track on the internet. "Running The World" can now be heard on Cocker's MySpace page. The song was written a year ago on the night of the Live 8 concert."It's in no way critical of Geldof and co. but I remember thinking at the time: 'Where does engaging with these politicians/businessmen really get you?' — (12 months on & the cunts still haven't paid up as far as I can make out) — maybe the problem is something more… fundamental," Cocker writes on his MySpace page."Anyway, what do I know? I'm just a pampered rock star — but at least I think it's good to discuss this stuff. Don't you? Let me know what you think."(...)

fonte: «Jarvis Cocker Is Running The World With Solo Track», Wednesday July 05, 2006, ChartAttack.com Staff

Sobre o YouTube

- cerca de cem milhões de videos são vistos todos os dias

- entre Janeiro e Julho deste ano registou um aumento de trafego de 297%

- criado a 15 de Fevereiro de 2005 (activo o dominio YouTube.com);«Broadcast Yourself» é o lema da equipa que o criou

- todos os dias são colocados no site cerca de 20 mil novos videos

- 60% dos videos vistos on line são apresentados em youtube.com. «Um dos fundadores do serviço, Steven Chen, chegou a confessar àreuters que um dos ambiciosos objectivos do YouTube é poder apresentar aos seus visitantes todos os telediscos feitos até hoje»

(dados recolhidos em «A verdadeira televisão interactiva», DN, 24/9/06, Tiago Pereira

Videos da Warner chegam ao YouTube

«A Warner Music chegou a acordo com o YouTube para disponibilizar online a sua “biblioteca” de videoclips, marcando o primeiro acordo deste tipo entre uma empresa discográfica e um dos sites de maior sucesso na internet. Ao abrigo do acordo, os utilizadores do YouTube terão acesso ilimitado aos videoclips dos artistas da Warner, como é o caso dos Red Hot Chili Peppers ou Madonna. Além disso, estes poderão igualmente incorporar material retirado desses vídeos nos telediscos que forem criados e carregados no YouTube, sendo que, as receitas provenientes da publicidade inerente serão divididas entre as duas empresas.
O acordo em questão reflecte a divergência de opiniões na indústria discográfica em relação ao YouTube, uma empresa criada em Fevereiro de 2005, de cujo site são feitoscerca de 100 milhões de ‘downloads por dia’. Há duas semanas, a Universal Music, a maior empresa discográfica do mundo, ameaçou processar o YouTube por violação de direitos de autor, reclamando uma indemnização de milhões de dólares pelo material disponibilizado online sem consentimento.
Mas a postura da Warner é bastante diferente. No mês passado, a empresa norte-americana transformou-se na primeira editora discográfica a fazer parceria com o YouTube com o lançamento do primeiro canal da marca, onde a Warner está a promover o disco de estreia de Paris Hilton, “Paris”.
Segundo Edgar Bronfman JR., presidente executivo da Warner, “empresas como o YouTube deram origem a um diálogo bidireccional que promete transformar, para sempre, o universo ‘media & entertainment”.
Para o YouTube, este acordo representa uma tentativa de comercialização de um site, que se transformou no principal destino de todos os que procuram videoclips online, mas que, por outro lado, tem de apresentar receitas.(...)»
Números You Tube
-  100 milhões de ‘downloads’ por dia.
-  65 mil novos  videos por dia.
-  20 milhões de visitantes por dia.
-  70% são americanos, a maioria com idades entre os 12 e os 17 anos.
-  Há quem avalie o YouTube em 1,5 mil milhões de euros.

fonte: «You Tube? Warner também», Diário Económico, 25/9/06, Exclusivo Financial Times, Joshua Chaffin em Nova Iorque e Kevin Allison em São Francisco, Tradução: Pedro Evangelista

Outras formas de chegar ao sucesso (sem a rádio)

«Reza a lenda – ou, há quem diga, a manobra de marketing – que a então pouco conhecida cantora escocesa Sandi Thom ia a caminho de dar um concerto no País de Gales quando o carro avariou. Nesse momento, decidiu que a Internet seria a melhor forma de fazer a sua música chegar a todo o lado, sem se sujeitar às vicissitudes da vida na estrada: através de uma webcam, a partir do seu próprio apartamento, transmitiu uma série de 21 concertos para o mundo inteiro. Reza ainda a mesma lenda que a primeira emissão foi vista por 70 pessoas mas que, a meio desta sua digressão virtual, já se contavam mais de 160 mil espectadores on-line. Em três semanas, o fenómeno levou Sandi Thom a assinar contrato com uma multinacional, e, mal o single ‘I Wish I was a Punk Rocker’ foi editado (em Junho deste ano), subiu de imediato ao topo as tabelas do Reino Unido. Curiosamente, destronou ‘Crazy’, do projecto  Gnarls Barkley, o primeiro single a chegar ao número um dos tops apenas com base na sua distribuição digital (…).

Lily Allen (a chamada ‘Rainha do MySpace’, rede the net-friends e divulgação musical alojada em www.myspace.com, a que já aderiram músicos portugueses como David Fonseca ou os mais alternativos Linda Martini). Através da difusão da sua música on-line, criaram o seu próprio culto num meio em que o sentido de pertença a uma comunidade visionária é tudo»

 

Ana Markl, «As estrelas do ciberespaço», Sol/Tabu, 23/09/06, pág. 12