Blogia
Transistor kills the radio star?

«a novidade está na forma de uso ou na natureza do registro?»

«Tome-se como exemplo um tipo de site que é bastante procurado pelos internautas, pois anunciando-se como altamente interativo possibilita aos usuários a criação de sua própria emissora de rádio. O funcionamento é simples: ao criar uma lista de músicas preferidas, o internauta – podendo estabelecer uma ordem para essas músicas ou ouvi-las randomicamente – dá um nome para esse conjunto de arquivos que se passava a chamar Rádio tal..... Assim, o usuário pode ouvi-lo sempre que quiser ao trabalhar em seu computador pessoal e estiver conectado à rede. Tendo condições para tal, o internauta pode até descarregá-lo em um disco de memória e ouvi-lo, no carro ou em qualquer outro lugar, em um aparelho que rode mp3. É uma possibilidade interessante, mas o que se faz atualmente com bits, os caminhos analógicos já proporcionavam.

Difícil imaginar quem, quando adolescente, não teve um walk-man e passeava pela cidade ouvindo fitas-cassete compradas ou gravadas. Pois essa seleção de músicas em K-7, que remetia os adolescentes aos seus sonhos e angústias comuns à idade, não eram também, à sua maneira, uma Rádio tal ? Enfim, a novidade está na forma de uso ou na natureza do registro? Entre o bit,da era eletrônica., e a fita magnética, certamente, houve avanço na qualidade de áudio do registro e nas possibilidades técnicas de seu uso. Mas, garantidamente, não houve distinção e avanço na forma de uso social de um e do outro

fonte: SALOMÃO, Mozahir, «O suporte sonoro e as novas mediações», 2006, pág 4

0 comentarios