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Transistor kills the radio star?

Será necessária uma nova linguagem audiovisual ou um novo estatuto para a audição?

«As múltiplas perspectivas para o futuro do suporte áudio revestem de incertezas as reflexões a respeito de como o som se constituirá enquanto ferramenta e meio, enquanto emissão preponderante no que poderá vir a ser o rádio e articulado com letterings (texto), imagens fixas e imagens em movimento em possíveis novas configurações para o que habitou-se a chamar, até então, de linguagem áudio-visual»

«A defesa de um novo estatuto para a audição nada tem de saudosismo ou nostalgia. Ao contrário, quer antes problematizar as os limites e possibilidades da presença do som em novas mídias, podendo assim escapar a antigos vícios e mitos que passaram a envolver a produção de sentido pelo som. Um novo estatuto para o ouvir diz respeito à revalorização da força sígnica do som. Trata-se da recuperação do sonoro enquanto elemento constituinte ativo da significação dentro do processo enunciativo. Um novo estatuto para a audição significaria, assim, a recuperação da emissora sonora enquanto efetivo momento de vivimento de experiência estética. De ativação, pelos sentido da escuta, de memórias, imaginários e representações. Estimular o receptor a ser, sempre, um co-autor na construção do sentido na enunciação, na privilegiada condição de sujeito ativador desses protocolos»

fonte: SALOMÃO, Mozahir, «O suporte sonoro e as novas mediações», 2006,

«Todos estes novos elementos [linguagem que apresenta textos aninações e video, a existencia de informações complementares e simultâneas à emissão em directo, etc], em conjunto, contribuem para a construção de uma nova estrutura discursiva para a mensagem radiofónica, que assim pode potenciar a busca de novos conteúdos e o desenvolvimento de novas linguagens. Este facto estabelece as bases para a construção de uma nova estrutura discursiva para a mensagem radiofónica, que assim pode potenciar a busca de novos conteúdos e o desenvolvimento de novas linguagens. Este facto estabelece as bases para a conversão do ouvinte em utilizador multimédia, que se serve da interactividade para configurar a estação em função dos seus interesses específicos e impulsiona a oferta de canais dedicados que fragmentam a audiência e criam novos paradigmas de consumo radiofónico. (...) Com estas características, a rádio na internet passa a ser um meio em que a multimedialidade, hipertextualidade e interactividade são factores determinantes na sua linguagem específica. Para além disso, a co-autoria do receptor no processo de enunciação transforma-o numa espécie sofisticada de ouvinte, num “realizador de hipertexto” (Guàrdia, 2001), com responsabilidades acrescidas na condução dos mecanismos comunicacionais» (Tese de Mestrado de Pedro Portela, pag 57)

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