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Transistor kills the radio star?

3.9 A indústria e as programações

Uma rádio «free form» com dificuldades nos EUA

«The firings of two KPIG disc jockeys last week may seem like a small thing, but it was front page news in the Santa Cruz Sentinel Saturday---and rightly so.

KPIG-FM (107.5) is one of the nation's last bastions of freeform radio, where music is chosen with some panache and integrity. It was one of the first roots rock music stations in the country and, despite corporate ownership, has maintained some quality in playing serendipitous rock, bluegrass, blues and country. (...)»

fonte: Mercury News, «KPIG RADIO CUTS STAFF: THE CORPORATE SWINE GNAW AWAY AT QUALITY AGAIN», Saturday, July 08, 2006, Brad Kava, 11:20 AM

Mais sobre a KPIG e o free form: http://radio.about.com/b/a/257701.htm?nl=1

Lei agrava penas por «indecência» verbal

É um problema típico dos EUA, e da rádio em particular - Howard Stern que o diga...

o governo acaba de aprovar uma lei que agrava dez vezes as penas por indecência verbal...

«President Bush yesterday signed into law legislation that raises fines on over-the-air radio and TV broadcasters that violate US decency standards by airing extensive profanity or sexual content.

The new law increases fines from $32,500 to as much as $325,000 per violation. Additional, it also caps any continuing violations from an incident at $3 million. »

fonte: «Indecency Just Got 10 Times More Expensive», Radio Ink, 17/6/06

Fazer dos repetidores (FM) rádios autónomas...

Corre nos EUA uma petição para transformar os repetidores de FM (que se destinam a «gerar» emissão em locais de fraca ou nula cobertura) em rádios de FM, com emissão própria.

A entidade patronal norte-americana, a NAB,- receosa da perda de quota com o aparecimento de novos players no mercado - já disse que não aceita:

«NAB Opposes Original Content On FM Translators
In a Friday afternoon filing with the FCC, the NAB argued against a proposal that would allow FM translator stations to originate programming. Currently, translator stations are licensed only to fill in gaps in full service stations' coverage areas, but a petition currently pending before the FCC proposes to amend that rule.

Noting that translators have been licensed only as a secondary service since 1970, the NAB says, "the balance between broadcast stations as a primary service and translators as a secondary service has ensured the viability of the overall broadcast system. A change in the program orientation rule would turn FM translators into radio stations. While we agree that promoting localism is a laudable goal, amending the FM translator rules is not the best approach to achieving that goal. The detriments of such a change would outweigh any benefits."»

RadioInk, 12/6/06, http://www.radioink.com/headlineentry.asp?hid=133912&pt=inkheadlines 

Um exemplo da rádio sem criatividade

EXiste um livro, publicado nos EUA, que regista dezenas de milhares de canções por tópicos - os mais inconcebíveis. Depois, os animadores das rádios (que não têm playlist...) programam as suas sequências temáticas com esses temas. É do meu ponto de vista um exemplo da rádio previsível, formatada em excesso, em que o animador já nem pensa...

Sobre o livro: http://www.greenbookofsongs.com/

Uma curiosidade: Corey Deitz apresenta os temas para assinalar o nascimento do novo filho de Tom Cruise e Katie Holmes (como se fosse preciso música para assinalar isso...):

This week:

Tom Cruise and Katie Holmes Have Baby Girl

Song/Artist/Album (ST=Soundtrack)
BlessedElton JohnMade In England
God Bless The ChildBlood, Sweat & TearsBlood, Sweat & Tears
Growing UpPeter GabrielUp
Isn't She LovelyStevie WonderSongs In The Key Of Life
You're Having My BabyPaul Anka70s Party Killers

  

O regulador britânico intervém na programação

É, penso, um caso único na Europa (e, muito mais, nos EUA): o regulador audiovisual britânico, OFCOM, intervém quando determinada rádio muda o tipo de programação que «contratuliza» com esse regulador (o formato). Este caso, recente, é ilucidativo (até dos próprios receios das rádios) – não podiam passar música irlandesa porque não tinha essa uatorização:

« Ofcom has issued a ‘yellow card’ to CN Radio’s Touch FM in Coventry for a format breach. The regulator said Touch FM's general music policy was acceptable but specialist Irish music output was being broadcast in an inaccessible timeslot of 12am to 5am on Mondays.
Ofcom deemed this to be "contrary to the spirit of the format" and has asked the station to remedy the problem, which Touch FM has agreed to do.
The 'yellow card' is a way of identifying and rectifying format problems without having to sanction the station with financial penalties or by shortening the licence length.
Jon Hewson, chief executive, CN Radio, said: "We believe that we are programming Touch FM Coventry very well within its format requirements and that the yellow card is somewhat harsh."
He feared that Ofcom's move would set a worrying precedent for the radio industry following its policy of 'light touch' regulation.
"The station's format document does not state any timing requirements for the specialist show. I think that it's a very worrying signal if the regulator starts talking about the spirit of a format and introduces a significant grey area in this way."

 

Fonte: « Ofcom asks Touch FM to revise specialist policy», Mediaweek, Amanda Lennon, Publication Date 2006-04-25 12:15 PM

Em defesa da emissão local

O presidente da reguladora norte-americana FCC:

« “Satellite radio is an important service, it’s very popular, and it’s grown very rapidly, but I think its fundamentally different from what local, free over-the-air broadcasters can provide, and we need to recognize that. What local broadcasters are able to do is provide unique insights and a unique service, particularly during times of crisis. We don’t want everything to just become a nationalized service. We still want that to have those local broadcasters disseminating local news and entertainment to consumers»

 

Fonte: «FCC Chief: Satellite Radio ‘Fundamentally Different’ From Broadcasting», Radio Ink, 26/4/06

Peculiaridades da rádio nos EUA

Depois da saída de HStern para a Siriuas, a CBS/Infinity ainda não recuperou: primeiro criou um novo formato, chamado «free FM» e a seguir contratou alguns nomes de peso, entre eles David Lee Roth (Van Halen...). Agora Lee Roth abandonou e a CBS foi em busca de novos nomes para animar as manhãs das suas afiliadas «free fm» - acaba de contratar um dupla humorística e polémica conhecida como Opie & Anthony (actualmente a trabalhar já na XM).

Veja-se esta informação da Radio Ink: «John Mainelli in the New York Post reports that O&A will do a three-hour, FCC-friendly simulcast on CBS and XM (6-9 AM) and then two uncensored hours just for XM». O que é que isto siginfica? que as tres horas hertzianas são controladas ao nível da linguagem; as duas horas só na XM são «à abrir...» porque o regulador FCC não controla as emissões via satélite (daí a passagem de Stern...)

 

Os nichos e a rádio

Rugby Fm, 107.1 FM

Por estas e por outras é que a rádio não sai da cepa torta...

Mais uma rádio, exactamente (?) igual a muitas outras que existem em Portugal:

«Apesar de ter o mesmo nome da emissora do Algarve, a Kiss FM Lisboa é autónoma, uma garantia dada ao Diário Económico por Jorge Correia, responsável por este novo projecto. “Tem algumas semelhanças com a rádio do Algarve, mas não é um retransmissor”.
A nova rádio da grande Lisboa pretende fazer parte do conceito internacional da marca Kiss, que já emite em Londres, Paris, São Paulo ou Tóquio, ou seja, “ter uma atitude mais activa para com os ouvintes e destinada a jovens adultos entre os 25 e os 40 anos”, explica Jorge Correia. Para garantir o sucesso deste objectivo, foi contratada uma empresa de consultoria europeia, que está a trabalhar em Portugal, para garantir a adequada formatação da rádio.
A Kiss FM Lisboa vai apostar em grandes êxitos da música nacional e internacional, com uma ‘playlist’ cuidadosamente estudada pela consultora, tal como na informação curta de hora a hora. Não admitindo com que estações pretende concorrer directamente, Jorge Correia acredita que a Kiss FM Lisboa pode “ganhar ouvintes a todas as rádios”. Para aumentar as audiências está a ser feito um grande investimento em campanhas de marketing. Já na próxima segunda-feira, quem estiver atento à emissão vai poder habilitar-se a uma viagem até Londres para ficar a conhecer o estádio do Chelsea.»

(fonte Diário Economico, Kiss FM em Lisboa com conceito internacional, Ana Filipa Amaro, 2/3/06)

sobre o payola...

«ABC News investigative reporter Brian Ross targeted the radio and record industry on last night's Primetime on ABC-TV in a story about "Payola: The Dirty Little Secret Of The Music Business."

Ross interviewed recording artists who indicated that payola was common practice and necessary to gain radio air play. Ross referred to the practice, which started in the 1950s as a “multi-million dollar secret” which continues today.

On camera New York Attorney General Elliott Spitzer stated that payola “goes to the highest corporate levels of record and radio companies.”

The story mentioned that seven major radio companies were being investigated and that most were cooperating with the Attorney General. Companies mentioned in the story were Infinity, ABC and Entercom.
»

As rádios não têm programação infantil

Até que ponto a ausência de programação destinada aos mais jovens (a partir dos seis anos?) contribui para que as gerações mais nova percam o hábito de ouvir rádio?

É verdade é que a faixa 15/17 ouve mais rádio do que média, mas apenas rádio musical.

E se há predisposição dos 15/17 para ouvir rádio, por que não pensar em programações infantis ou juvenis, para uma faixa etária mais nova?

A rádio de serviço público não estaria obrigada a incluir alguma programação infantil na sua grelha?

Apenas algumas rádios locais mantém - e bem - alguma programação infantil ou juvenil nas suas grelhas (e isso já é um mérito das sempre muito criticadas rádios locais)

A rádio perde o privilégio da divulgação da música

"Enquanto a indústria discográfica faz o balanço de um ano em que as vendas voltaram a baixar, alguns sinais apontam para uma democratização da música, graças à Internet, que começa a alterar o equilíbrio de forças no seio da indústria musical. Explorando designadamente os fóruns e os blogues musicais, as companhias independentes de discos fazem grandes progressos, à custa dos quatro conglomerados mundiais de música, cujo modelo comercial, que consiste em promover os «hits» graças à difusão radiofónica, parece cada vez mais ultrapassado".

Jeff Leeds, no New York Times, traduzido pelo Courrier Internacional, "Net beneficia editoras independentes", nº 43, pág. 43

Mais:

"(...) a música deixou de poder ser encarada unicamente como um negócio em que só as editoras, distribuidoras e retalhistas servem de intermediário entre o artista e o consumidor. Na idade da informação, em que os ficheiros ocupam uma ninharia de espaço e fluem facilmente num oceano de música, a música passou a ser integrada num universo mais vasto, regido muitas vezes por pressupostos contraditórios. Para uma banda que pretenda rentabilizar as suas digressões, pode fazer todo o sentido oferecer a sua música gravada".

(Miguel Francisco Cadete, "Crise, Qual Crise?", Expresso, 28 de Janeiro 06, pág. 22)