Blogia
Transistor kills the radio star?

O conceito de radiomorfose em Prata (transição e hibridismo)

«Podemos tomar por empréstimo o vocábulo mediamorfose, cunhado por Roger Fidler (1997) e criar um novo termo, especialmente para este momento vivido pelo rádio: radiomorfose. Fidler criou, em 1991, o termo mediamorphosis, durante um período de estudos na Universidade de Columbia, em Nova York. Com esta terminologia, Fidler (1997) descreve o processo de mudança que em se encontram os meios de comunicação em todas as suas áreas, direções e departamentos. O autor defende a complementaridade dos meios, isto é, a co-evolução, de modo que os novos meios não supõem necessariamente o desaparecimento dos existentes previamente, mas uma reconfiguração dos usos, das linguagens e os necessários ajustes sobre o público-alvo. Fidler (1997) afirma que, como numa metamorfose, há a adaptação dos velhos meios às novas mudanças tecnológicas. Assim, ao invés de morrer, pelo princípio de sobrevivência, o meio antigo procura se adaptar e continuar evoluindo em seus domínios. (5.2)

A teoria de Fidler (1997) é claramente aplicável ao rádio e às reflexões propostas por esta tese. Assim, poderíamos afirmar que o rádio dos anos 50, através do processo de radiomorfose, superou o impacto tecnológico do advento da TV e buscou uma nova linguagem. O veículo não morreu, apenas se transformou. Hoje, neste princípio do século XXI, a radiomorfose continua e o veículo não vai morrer com o impacto das novas tecnologias digitais e da web, mas busca uma readaptação e encontra seu caminho numa nova linguagem, especialmente desenvolvida para os novos suportes.

Podemos afirmar que o rádio na web repete as fórmulas e os conceitos hertzianos, velhos conhecidos do ouvinte, pois é pela repetição que o público se reconhece. Mas, ao mesmo tempo, insere novos formatos, enquanto reconfigura elementos antigos, numa mistura que transforma o veículo numa grande constelação de signos sonoros, textuais e imagéticos.» (Prata 2008: 75-76)

0 comentarios