Todos os suportes, que não a net, são parte do problema
O Reino Unido, onde o DAB conseguiu algum sucesso, continua a apostar neste suporte para o lançamento de novos projectos, alguns deles ambiciosos. isto tem consequências negativas ao nivel da aposta, que deveria ser mais forte e consistente, na Internet. Isto é, quanto mais se aposta no DAB menos se olha para a net (até porque não se pense que os mesmos conteudos servem para diferentes suportes; a transição FM-DAB neste país provou-o). E estou a referir-me a tecnologia, dinheiro, meios humanos e criatividade. Claro que exitindo outros suportes seria absurdo não os aproveitar (o FM ainda é popular, o DAB na GB tem publico, mas assentar a estrategia no DAB ou, mesmo ,colocar as varias opções no mesmo plano é um erro tremendo; os conteudos a partir da net é que deveriam liderar).
O DAB, o seu irmão HD e todos os suportes, mesmo que digitais, não assentes na net, são transitórios e, nalguns casos (o FM), presos ao passado. «aquilo que há 15 anos parecia uma óptima ideia - o DAB -, é hoje parte do problema e não da solução. Visto a esta distância, o DAB é apenas um FM melhor, mas na Grã-Bretanha têm sido gastos milhões nessa tecnologia». Enquanto, por estas razões, a industria dá passos timidos relativamente à Net, «outros operadores, sem ligação à rádio, e que estão a fazer diversos negócios - como mostrou um dos fundadores da Last.fm (um dos maiores jornais da Europa, o Bild, tem um canal de rádio na net. Com quem? Com a Last.fm, claro).» São estes operadores que estão mais perto de encontrar os «públicos onde eles estão. E eles estão cada vez mais à volta do mundo digital.»
Por curiosidade, eis a pequena carta-aberta que dirigi ao director do novo projecto do Channel Four na rádio digital DAB, Bob Shennan, na sequência dessa conferencia em Londres Radio 3.0
«Don't do it, Bob
Dear Bob
I assisted yesterday to your presentation (as to all others, in Radio 3.0 conference) and allow me to say this: don't do 4Radio on D.A.B.!
Where I live, work and study there's no D.A.B. and his associated problems, so I think I can listen to you with some distance. I listened to you and to other people spoken about D.A.B. with very discomfort. I think nobody in radio broadcasting likes D.A.B., but it seems like the story of a friend we - long time ago - invited to our home and now have not the courage to send away (anyway, everyday family talks about it with no solution)...
What I have listened yesterday was something like this: D.A.B. was a mistake (a understandable mistake, 15 years ago), you have invested a lot on this, but now you have realized that is not the future. What to do? In portuguese we usually joke, saying someone is already dead, but nobody has courage to say this to him. That's what I'm trying to say to you: who, 10 years ago, invested has now problems to solve, but you, with a new project, must go direct to internet! Listen to UBC Simon Cole or Martin Stiksel, of Last.fm. They're already there. You, Bob, are, as McLuhan said, looking the future by the rear view mirror.
Put our friend out of home! The problem with D.A.B is double: when you invest money, time and ideas on this technology, you are not investing on content on Internet. That's why, with BBC exception, web content on british radio is so poor.
Believe me, Bob: D.A.B. is only a better FM. FM is gonna be switched off - you doubt it? (The same in US, with local D.A.B., HD).
Wishing all the best, without D.A.B, I'm
Joao Paulo Meneses»
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