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Transistor kills the radio star?

A ideia de mediamorfosis em Roger Fidler

«Roger Fidler abriu uma janela interessante para visualizarmos este impacto, partindo de um termo que pode ser muito bem aplicado ao rádio em sua nova fase digital. O autor (1998:21) define como “Mediamorfosis: a transformação dos meios de comunicação, como resultado da interação entre as necessidades percebidas, as pressões políticas e de competência, e das inovações sociais e tecnológicas.” (...) Fidler (1998:37) cita Paul Saffo, diretor do Instituto para o Futuro para explicar que a média de tempo necessária para que se introduzam novas idéias em uma cultura é de três décadas. Saffo afirma que é comum confundirmos a surpresa com a velocidade passando a considerarmos que hoje avançamos mais rápido com a tecnologia do que antes. Desta forma, não foram as tecnologias que aceleram o ritmo do mundo, ou que as ações aconteçam mais rápido do que no passado. A realidade é que aparecem mais tecnologias ao mesmo tempo causando o que ele chama de “um grande impacto cruzado” e inesperado de tecnologias dando a nós a impressão que estamos vivendo um mundo de aceleração. (...) É típico que haja grande publicidade em torno das descobertas e de novos inventos gerando uma grande ansiedade na população. Porém quando a primeira onda de entusiasmo cede lugar a decepção e aos contratempos, geralmente, vemos com ceticismo as fase futuras do desenvolvimento. Fidler (1998:41) denomina de “Tecnomiopia” o fenômeno que nos leva a superestimar o impacto a curto prazo de uma tecnologia. E quando o mundo não responde a nossas expectativas inflacionadas, damos uma virada e passamos a menosprezar as conseqüências de longo prazo. Utilizando um padrão de desenvolvimento que leva a tecnologia do laboratório para o mercado podemos identificar três fases típicas dentro dos trinta anos indicadas por Saffo: a primeira década onde temos muito entusiasmo, muita confusão e pouca penetração; a segunda com muito movimento, a introdução e a expansão do produto na sociedade; e a terceira década onde temos uma tecnologia Standard com grande penetração social (FIDLER,1998:38). (...)  A mediamorfosis de Fidler contém cinco princípios que caracterizam a transição dos veículos de comunicação de massa para o ambiente digital multimídia, o que ele denomina convergência. O primeiro é a coevolução e/ou a coexistência: todas as formas de meios de comunicação coexistem e co-evoluem dentro de um sistema complexo de adaptação e expansão. Ao surgir e desenvolver-se cada nova forma de comunicação, influencia o desenvolvimento dos demais meios. Podemos destacar como segundo item a metamorfose onde os novos meios não aparecem espontaneamente e independentes. Eles emergem gradualmente da transformação de meios mais antigos, porém com o surgimento de novos meios os anteriores tendem a se adaptar continuando seu processo de evolução ao invés de serem extintos. A história da comunicação humana apóia esse argumento quando notamos que o surgimento da fotografia não extinguiu a pintura, que o cinema não inviabilizou a foto e que a tv não exterminou o rádio. Esta situação também pode ser explicada pelo terceiro princípio que a sobrevivência, onde os meios de comunicação são compelidos a se adaptarem e evoluírem para se manterem “vivo” como qualquer empresa atuando no mercado capitalista. A quarta característica do processo descrito por Fidler é a oportunidade que esta baseada no fato que sempre há uma razão social, política ou econômica que motive o desenvolvimento de novas tecnologias nos meios. É importante destacar que estas adaptações não ocorrem somente em função da tecnologia. A última denominada de adaptação postergada caracteriza-se pelo fato das novas tecnologias sempre demoram mais que o esperado para se converterem em êxitos comerciais. Assim tendem a necessitar de pelo menos uma geração (20 a 30 anos) para a difusão de seus conceitos e a adoção generalizada. Do ponto de vista histórico, o autor destaca três processos de mediamorfosis, sendo o primeiro no surgimento da linguagem oral e o desenvolvimento das pinturas rupestres. A segunda marcada pelo aparecimento da linguagem escrita, o desenvolvimento das formas de documentação, o desenvolvimento do papel e do correio, passando pela impressão de livros chegando na Revolução Industrial. O terceiro momento está caracterizado pela linguagem digital, contendo os avanços da eletricidade e dos meios de comunicação como os jornais, o rádio, o cinema, e a tv. Somamos a este contexto os satélites, as fibras óticas, os rádios e tv digitais e a Internet (FIDLER 1998:99).» (original, Rádio na Internet: desafios e possibilidades Autor: Álvaro Bufarah Junior, 2006)

FIDLER, R (1998). Mediamorfosis - comprender los nuevos medios. Buenos Aires: Granica

ver: lei de amara

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