A rádio vai morrer em breve!
«"A rádio vai morrer muito em breve e só a publicidade é que decidirá por quanto tempo é que ela se mantém". O vaticínio, pessimista, foi assumido quarta-feira ao final da tarde pelo jornalista Luís Filipe Costa durante um seminário na Sociedade Portuguesa de Autores sobre a sobrevivência da rádio, onde estiveram ainda presentes responsáveis como Luis Osório, Luís Montez e António Sala.
O futuro da rádio portuguesa foi o mote do debate e Luís Filipe Costa não foi o único a demonstrar uma visão pessimista sobre o tema. Também Luís Osório, director do Rádio Clube, considerou que a rádio "está numa encruzilhada". E explicou: "por um lado, as receitas publicitárias não param de descer - muito mais se forem vistas à escala da Europa. Por outro, falta a ousadia de pensar que não existem desafios". Para Osório, actualmente, "todas [rádios] se parecem imitar umas às outros". Luís Filipe Costa argumentou que o estado actual da rádio deve-se "às novas tecnologias, como a Internet ou o iPod". Também António Sala revelou reservas sobre o futuro deste meio de comunicação, mas para o comunicador a televisão é a grande responsável. "A televisão esmaga a rádio, é uma luta desleal", afirmou o comunicador, profissional da Rádio Renascença. António Sala, que celebra 40 anos de carreira, aponta a criatividade como uma forma das emissoras se afirmarem no mundo da comunicação. "A rádio tem que se ginasticar e reinventar, sempre com imaginação. Tem que haver a capacidade de arriscar, de tropeçar e de não ser politicamente correcto", referiu. O antigo apresentador do histórico Despertar, e que também fez carreira na televisão, disse ainda que a rádio "tem que tornar os seus possíveis inimigos, como a televisão, em aliados".
Luís Montez, proprietário das rádios Radar, Oxigénio e Capital, foi quem fez o discurso mais optimista ao afirmar que, "agora, mais do que nunca, existe um maior número de rádios especializadas num género musical, existe maior variedade". Ao contrário dos restantes oradores, Luís Montez classificou as novas tecnologias como aliadas da rádio. "Com a chegada da Internet, a rádio ganhou imenso", diz, explicando que "os emails vieram estreitar a comunicação entre os locutores e os ouvintes". Isto porque, nos locais onde não existem frequências para determinadas rádios, os ouvintes podem agora acompanhar as emissões na Net. Luís Filipe Costa deixou claro que "só tornando a ser um espectáculo de som é que a rádio terá um bom futuro". António Sala, apesar das reservas sobre o futuro que se adivinha, rematou com a afirmação: "a rádio não está esgotada".|»
fonte: «"A rádio vai morrer muito em breve"», INÊS DAVID BASTOS, DN, 22/06/07
Luís Filipe Costa deixou claro que "só tornando a ser um espectáculo de som é que a rádio terá um bom futuro". António Sala, apesar das reservas sobre o futuro que se adivinha, rematou com a afirmação: "a rádio não está esgotada".|
0 comentarios