Blogia
Transistor kills the radio star?

Sobre o iPod, quando a Apple faz 30 anos

«Quando o iPod chegou às prateleiras das lojas, em 2001, foi o primeiro leitor de áudio portátil digital com um disco rígido, na altura de cinco gigabytes (GB), uma capacidade que superava tudo o que havia no mercado.
Hoje, o iPod clássico tem duas versões, com 30 ou 60 GB, e o mais barato custa 319 euros. Para além disso, foram lançados outros dois modelos: o Shuffle, que é pequeno como uma caneta de memória que se liga ao computador, e o Nano, que foi lançado no ano passado, cabe no bolso da camisa e faz lembrar as caixinhas onde se guardam os cartões de visita. Este, na versão de dois GB, custa 208 euros. Também no ano passado foi lançado o iPod Vídeo, que é semelhante à versão clássica mas que permite ver os vídeos disponíveis na iTunes.
Na terça-feira, um artigo publicado no CNET News, um site dedicado às tecnologias, referia que o iPod levou muitas empresas a produzir acessórios e criou um mercado na ordem dos mil milhões de dólares. Atrás dos leitores vieram as capas, os auscultadores, ou os suportes e tudo isso ajudou a criar uma enorme legião de fãs.
Dois anos depois do iPod, em 2003, a Apple lançou a iTunes, que é hoje a maior loja de música na Internet, onde se podem descarregar ficheiros de áudio por 99 cêntimos. A quantidade de conteúdos disponíveis depende da iTunes a que se acede, uma vez que em cada país foi aberta uma loja diferente. Na iTunes norte-americana existem dois milhões de músicas, 3500 vídeos, 35 mil podcasts e 16 mil audiobooks, ou seja, livros cujo texto foi gravado em áudio e que agora podem ser ouvidos nos iPod.
A junção entre os iPod e a iTunes acabou por ser vital para a Apple, até porque esta optou por não disponibilizar a sua tecnologia de protecção anti-cópia e impediu que os ficheiros da iTunes pudessem ser descarregados para outros leitores de áudio portátil. Em resultado disso, os clientes da iTunes apenas podem copiar ficheiros para o computador, PC ou Macintosh, e para o iPod.
Essa medida da Apple começou a ser alvo de contestação quando, há duas semanas, o Parlamento francês votou uma proposta legislativa sobre direitos de autor. Nessa proposta era exigida a interoperabilidade entre os ficheiros da iTunes e os vários leitores de áudio portáteis, para além dos iPod. A Apple considerou que essa medida se traduziria em "pirataria patrocinada pelo Estado" e justificou com o facto de os iPod não deverem ser compatíveis com outros ficheiros de áudio que não estejam "adequadamente protegidos" quanto ao copyright.»

(fonte: Isabel Gorjão Santos, «O leitor de música digital iPod tornou-se um fenómeno cultural», Público, 1/4/06, pág 3)

0 comentarios