Blogia
Transistor kills the radio star?

2.3 Décadas de 60 e 70

A herança do primeiro choque

«Porque a proliferação de novos canais de rádio e de televisão provoca uma segmentação da audiência que apresenta aspectos muito positivos para os anunciantes: as campanhas publicitárias podem ser dirigidas de forma mais racional a públicos-alvo melhor delimitados, a custos mais reduzidos, quando o impacto das sequências publicitárias é tendencialmente mais elevado. Em contrapartida, a dita proliferação implica uma baixa da audiência absoluta de cada um dos canais. O “bolo” da audiência sendo partilhado entre estações cada vez mais numerosas, cada uma recebe uma ltia cada vez mais fina, embora de espessura diferente. »

J.-M. Nobre Correia, «Audiovisual público»,  Jornalismo & Jornalistas, Abr/Jun 06, pág. 27

Quando o FM substitui a AM

"(...) hasta en los grandes mercados eran relativamente escasas las emisoras de radio con audiencias importantes, y todas estaban en la frecuencia de AM. (Las emisoras de FM ni siquiera se incluían en la mayoría de las clasificaciones (ratings) hasta mediados de los sesenta; (...) Hacia los ochenta, años en que las emisoras de FM lograban audiencias mayores que las de AM, había tal cantidad de emisoras a elegir que la programación por bloques de interés se convirtió en regla, y la mayoría de las emisoras de AM y FM comenzaron a abastecer a pequeños segmentos de la audiencia disponible" (Norberg, 1998: 7).

A chegada do FM

"De una radio técnicamente «de penuria» (pocas emisoras y la mayor parte en AM), Europa y América pasaron a una radio «de abundancia» gracias a la implantación de la FM, circunstancia que aconteció a partir de los años 60. Este cambio en la tecnología de difusión tenía lugar precisamente un momento en el que la aparición de la televisión era para algunos el preludio de la muerte de la radio".

Jose Martí Martí apud MARTINÉZ-COSTA, María del Pilar e MORENO MORENO, Elsa, Programación Radiofónica, Ariel, Barcelona, 2004, pag. 25

A história repete-se: o que aconteceu com o AM acontece agora ao FM...

Uma perspectiva muito  interessante, esta, que nos remete para o que aconteceu na década de 70, quando o FM ameaçou matar o AM. E se não conseguiu, deixou a Amplitude Modulada numa crise que se arrasta no tempo; agora é o satélite (e não só...) que ameaça o FM

«"It's almost frightening, the similarities between what was happening in 1970 and today," says Lee Abrams, senior vice president and chief creative officer of D.C.-based XM Satellite Radio.

He should know. He was part of the revolution that upset the long-established giant known as AM through a then-disregarded upstart known as FM. As one of the founding partners of radio research giant Burkhart/Abrams, he is credited with pioneering album rock, FM's first successful format.

In commercial radio's youth, AM was the giant. It ruled the airwaves throughout the 1950s and '60s as a money-making machine. Those in charge spent more time reaping its rewards than researching and innovating. They played too many commercials -- 18 minutes or more an hour. They refused to experiment with new ideas for fear of risking the upset of their business model. They ignored evolving technologies and a new musical revolution that was taking the nation by storm. Their success made them vulnerable.

The new upstart format sensed a weakness and exploited it. As Abrams recalls, five to 10 years later FM had jumped from 5 to 10 percent of the market to 85 percent.

Fast forward from 1970 to 2005. Abrams thinks the smart money is on the assumption that history is repeating itself. Radio is once again vulnerable. Listeners are frustrated by the number of commercials and the lack of choices. New technology, with more options, is bursting onto the scene. And FM is still working out of a playbook that was written decades ago. His plan: "To do to FM what FM did to AM."

Of course, satellite's only one of the options, and plenty of people think it's more fad than phenomenon. Its marketers have successfully touted subscriber growth. XM recently passed the 5 million mark, with competitor Sirius clocking in with just more than 2 million. That's for their entire listening universe. Local news station WTOP, for instance, can reach upward of 1 million listeners per week. »

"Radio Revolution", From the November 18, 2005 print edition, Jennifer Nycz-Conner


 

Quando o protagonismo da rádio não era bem assim...

A rádio, um pouco por todo o lado, ganhou alguma importância e manteve-se como meio mais influente até a televisão se democratizar. Terá acontecido isso em todos os países - o que variou foi o momento em que isso aconteceu.

Se no Estados Unidos esse domínio durou apenas duas décadas (ou menos), quanto menos desenvolvido é o país, mais a rádio assume protagonismo. Até que a televisão toma conta de alguns domínios que a rádio explorava e ela se assume sobretudo como meio secundário. Parece-me que esse tal protagonismo da rádio - e acabo de ler no Courrier Internacional nº 37 (16/12/05) um artigo sobre a importância da rádio Studio Ijambo na pacificação do Burundi - é sempre um extra, uma função provisória, algo que faz por ausência dos restantes meios.

A rádio vive(rá), nos EUA ou no Burundi, como meio secundário.

Mais um exemplo do esforço que a rádio, depois da tv, fez para sobreviver

A segmentação e a formatação 

Os formatos nasceram nos Estados Unidos e Gordon McLendon [1] é apontado como o seu criador: no início da década de 50 do século passado, transformou a rádio KLIF de Dallas numa das primeiras a emitir “Top 40”. Em 1959 lançou outro formato na KABL de São Francisco designado “Beautiful Music”.

Andrew Crisell (2004: 64):

“(…) por causa do crescimento da televisão e o relegar para um quase completo plano secundário ou meio de contexto, a rádio abandonou claramente o seu padrão de programas variados, separados e «construídos», um padrão conhecido como programação mista [«mixed programming»], e adoptou, em vez disso, uma programação contínua, (…) organizada em faixas ou sequências, cada uma durando várias horas. Este resultado contínuo e especializado começou a ser conhecido como «formato» de rádio, e embora haja alguns formatos só de palavras («all-news»), consiste principalmente nos diferentes tipos de formatos musicais”



[1] Nasceu em 8 de Junho de 1921 no Texas e morreu em 14 de Setembro de 1986. Faz parte da galeria do “Radio Hall of Fame” desde 1994

Acumulação e portabilidade garantem sobrevivência

Estava a rádio a preparar-se/adaptar-se e surge a televisão a cores (na GB em 1967).Isso funcionou, de acordo com Crisell  “as a reminder, if one were needed, that television was now the major mass medium and that  in order to survive radio must seek out, and largely confine itself in to those things it could do best.” (31-32).

A televisão recebeu diversos contributos ideológicos (a programação de manhã, área que era monopólio da rádio) ou tecnológicos (cabo, satélite, digital) que a fortaleceram, sem no entanto voltarem a colocar em causa a rádio – esta já tinha assumido a sua condição de meio secundário e acumulativo, beneficiando da portabilidade. E a televisão, até agora, não compete directamente com essa realidade.

(isto pode dar passagem do primeiro para o segundo choque!)

O renascimento da rádio na década de 60

O renascimento da rádio acontece muito por responsabilidade de benefícios tecnológicos que surgem poucos anos antes e se conjugam naquele momento. Crisell distingue três: o desenvolvimento do som estéreo (primeiros testes em 1958); a abertura dos primeiros transmissores VHF que permitem a emissão em FM (na GB em 1955) e a construção do primeiro transístor (em 1947). “By replacing the old wireless valve, which was large, costly and consumed much primary power, the transistor allowed radios to be constructed which used less power, were more reliable, and most important of all, were much cheaper and smaller - small enough to be carried around in a hand or a pocket” (29). O transístor teve consequências notáveis, porque ao potenciar a portabilidade da rádio conduziu-a ao que é hoje: o meio secundário por excelência. “It it was at thee beginning of the 1960s that the transistor revolution began, so that at the very time when radio had lost its pre-eminence and seemed, indeed, to be facing extinction it discovered a new and apparently irreducible advantage in its very limitation. As a secondary medium it could be carried around and its messages absorbed in a way not possible even with portable television” (29).

Consequências do primeiro choque

Ni siquiera la aparición de la televisión pudo con ella [com a rádio] – como algunos con pesimismo habían prometido –, antes al contrario, la  radio supo adaptarse a unas nuevas circunstancias y satisfacer necesidades distintas de modo que la venta de aparatos y los índices de audiencia, lejos de disminuir, aumentaron casi sin excepciones

Merayo Pérez, A., pág.313