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Transistor kills the radio star?

1.0 Introdução

De que é que a Internet emerge?

«O professor norte-americano Roger Fidler (1997), estudioso dos padrões de adoção e implantação de novas tecnologias, afirma que as novas mídias não surgem espontaneamente e independentes, mas emergem gradualmente a partir da metamorfose das velhas. O novo meio se apropria de traços dos existentes  para encontrar, posteriormente, a sua própria identidade e linguagem (...) O curioso desse processo, segundo Fidler, é que as forças que moldam o novo são, essencialmente, as mesmas formas que moldaram o passado. Quer dizer, as mudanças podem parecer rápidas porque são muitas tecnologias de comunicação vindas ao mesmo tempo. Mas é engano pensar que surgem de repente. São trabalhadas em laboratórios durante anos e passam por uma série de testes, especialmente de viabilidade técnica e econômica, até chegarem ao grande público. Podem atravessar décadas até saírem dos laboratórios e serem comercializadas» (Bianco, 2006: 2)

A promessa de uma revolução

«A tecnologia digital traz em si a promessa de uma revolução técnica tão significativa, capaz de alterar o modo de produção da programação, de distribuição de sinais e a recepção da mensagem» (Bianco, 2006: 1)

Castells: uma aventura humana extraordinária é a história da criação e do desenvolvimento da internet

«De acordo com o pensamento de Castells (2003:13), uma aventura humana extraordinária é a história da criação e do desenvolvimento da internet. Ela põe em relevo, segundo ele, a capacidade que têm as pessoas de transcender metas institucionais, superar barreiras burocráticas e subverter valores estabelecidos no processo de inaugurar um mundo novo. Reforça também a idéia de que a cooperação e a liberdade de informação podem ser mais propícias à inovação do que a competição e os direitos de propriedade» Não é mais possível pensar o rádio como antes, Mágda Cunha, 30/09/06, pág 4

A Internet será tudo

Walt Mossberg, o especialista em tecnologia do Wall Street Journal, esteve na convenção NAB 06 e falou sobre (o futuro d)a rádio. O texto merece ser lido na íntegra, ou pelo nos extractos divulgados pelo site RAIN, mas aqui ficam algumas ideias:

«“Currently, we talk about ‘surfing the Web’ or ‘being on the Internet’ or ‘I’m going online tonight’ as a discreet activity we perform on a PC,” Mossberg said, “but in ten years, those phrases will sound absurd.
“When you watch TV, you may be on the Internet; when you listen to radio, you may be on the Internet. The Internet will not be an activity you do on a PC – it will be like the electrical grid. It will be all around you!”»

A história não se repete?

(será um erro entender a Internet como uma espécie de meio que vem concorrer com os clássicos; a Internet não concorre com um, mas com todos. Mas a Internet concorre, integrando os anteriores, juntando-os, convergindo, criando algo de novo, fazendo coexistir os antigos mas de forma diferente, alterando-os; se a Internet fosse um meio concorrente, a história poderia repetir-se; assim, do que estamos a falar é de uma nova categoria, de uma nova ideia de comunicação)

The Internet offers an environment in which all of these media can coexist. With high-speed Internet connections provided by either telephone wire, a cable television line, or a satellite link, new entertainment options such as movies-on-demand, radio, television, and "live" on-line games against many players scattered around the globe have become reality.» (PAIK, 2001: 24-25) 

Não foi sempre a tecnologia que fez mudar a rádio?

Por vezes le-se a recusa em admitir que a tecnologia está a mudar a rádio. Mas não foi sempre a tecnologia que mudou (e criou) a rádio?; não é âmbito deste trabalho; sem a digitalização, a rádio ainda estaria igual, vivendo da popularidade conseguida.

seria um trabalho sobre talento e criatividade, se a tecnologia, se o impacto tecnológico, não estivesse a mudar a rádio.

O conceito de utilizador (faz sentido diferenciar?)

«La radio pública se orienta la al ciudadano no al consumidor.(...) Todos somos usuarios y consumidores de objetos materiales e inmateriales, pero por encima de ello somos ciudadanos.» (CHerreros, 2007: 209) 

Definição de objectivos

é um trabalho sobre a rádio na INternet?
Não, é sobretudo um trabalho sobre o que acontece à rádio (no que se transforma) quando passa para a internet (e quando deixa de ser rádio, ainda que seja áudio, a partir da net).

contra a tecnocultura

«Vivimos un momento en que parece que la técnica y lo tecnocrático se imponen como elemento único y se pierde con frecuencia el horizonte de las ideas, de las opciones políticas. Las corrientes neoliberales parece que hubieran impuesto una tecnocultura en la que no cabe otra opción que la que ella impulsa independientemenre de otros valores» (CHerreros, 2007: 65).

Menosprezar o papel da tecnologia?

«La clave del futuro de la radio no está en las tecnologías, sino en los enfoques comunicativos que quieran efectuarse» (CHerreros, 2007: 13)

«La radio afronta el futuro con unas transformaciones técnicas tan amplias y tan profundas que puede hablarse claramente de una segunda reconversión» (21)

Intr; a relação dificil entre media e net

«a conotação negativa ou angustiante da apresentação da rede por certos media vem também do facto de, como, sublinhei várias vezes, o ciberespaço ser precisamente uma alternativa aos media de massas clássicos. De facto, ele permite aos indivíduos e aos grupos encontrarem informações que lhes interessam e difundir a sua versão dos factos (incluindo as imagens) sem passar pelos jornalistas intermediários. O ciberespaço encoraja uma troca recíproca e comunitária enquanto os media clássicos utilizam uma comunicação unidireccional na qual os receptores estão isolados uns dos outros. Existe assim uma espécie de antinomia, por oposição de princípio, entre os media e a cibercultura, que explica o reflexo deformado que cada um oferece do outro ao público» Levy, 2000:222

Como se posicionar perante um «profeta da desgraça» «como Paul Virilio» giram à volta de um fantasma que a simpIes observaçao daquilo que nos rodeia denuncIa co irremediavelmente falso. Pela mesma ordem de ideias, já não um profeta da desgraça, mas um sorridente especialista de marketing de investigação hi-tech, desta vez, Nicolas Négroponte, anuncia no seu livro L'Homme Numérique «a passagem dos átomos para os bits», dito de outra maneira a substituição de matéria pela informação ou do real pelo virtual.» (levy, 235)

Colocar no mesmo plano rádio e Internet (como media/suportes)?

«Os media são o suporte ou o veículo da mensagem. A imprensa, a rádio, a televisão, o cinema ou a Internet, por exempIo são media» (Levy, 2000: 66)

«quanto mais rápida é a mudança tecnológica mais parece ela vir do exterior»

«quanto mais rápida é a mudança tecnológica mais parece ela vir do exterior» (levy, 2000: 30) 

A tecnologia não é uma moda

«A tecnologia deixa de nos surgir no mundo, para passar a constituir-se no carácter fundador do próprio mundo da acção humana quotidiana» (Ilharco, 2004: 15)

«A tecnologia, assim, não é apenas o gigantesco conjunto dos instrumentos qualificados de tecnológicos, mecanismos que suportam e possibilitam -literalmente - viver a vida que hoje vivemos, mas também, e porventura sobretudo, o conjunto de comportamentos e de práticas que somos e no âmbito dos quais vivemos» (Ilharco, 19)

«Na nossa época, com o desenvolvimento e a penetração das tecnologias de informação e de comunicação, este modo fundamental de presenciar o/no mundo vai um passo mais além ao sugerir que a própria tecnologia é a realidade, como referiram Heidegger, Ellul, Spenglerl, entre outros, e como hoje sugere, por exemplo, Borgmann» (Ilharco, 23)  

«Nunca na História a actividade humana dependeu tanto da tecnologia»

«Nunca na História a actividade humana dependeu tanto da tecnologia» (Ilharco, 2004:9)

Internet e digitalização confundem-se?

«Para Castells (1998), Martin (1995), Negroponte (1995) Y otros, Internet supone la representación del modelo comunicativo global en la Sociedad Red. En este sentido, si se toma el ejemplo de Internet como nuevo paradigma del desarrollo comunicacional y cultural, se observa que la modificación temporal que implica el nuevo marco fomenta la gestación de nuevos públicos y nuevos hábitos de percepción. Al contrario de lo que se piensa comúnmente, Internet no es sinónimo de World Wide Web, ya que además ofrece otros servicioscomo el acceso y control remoto a máquinas, transferencia de archivos FTP, correo electrónico, listas de distribución y foros, conversaciones en línea -chat-, etc» (Toral e Murelaga, 2007: 54) 

Informacionalismo?

«Es imposible aproximarse a la evolución de las TIC y su implantación en todos los ámbitos de la realidad actual, con la vista puesta en el retrovisor. Es por eso que Manuel Castells y otros investigadores (1998), han construido una nueva base argumentativa que denominan Informacionalismo. El Informacionalismo sustituye al Post-industrialismo como matriz dominante de las sociedades del siglo XXI (CASTELLS, 1998, 2002). Este modelo tecnológico argumenta el papel central de la tecnología en todos los ámbitos de la realidad, a la vez que ofrece la base teórica necesaria para comprender el desarrollo de un nuevo modelo de estructura social denominada Sociedad Red. Se trata de un modelo que no crea información y conocimiento en si mismo. El aspecto más novedoso de la teoría informacionalista es el papel central que se otorga a las tecnologías en la manipulación de la información y del conocimiento (Lévy, 1996, 1998). El informacionalismo es, por tanto, un paradigma tecnológico basado en el aumento de la capacidad humana para procesar la información en torno a las revoluciones gemelas de la microelecIrónica y la ingeniería genética (CASTELLS, 1998: 125)» (Toral e Murelaga, 2007: 53-54) 

A digitalização entrou na terceira fase (recepção)

«Al comenzar el Tercer Milenio la digitalización ha trascendido de la primera fase (generación y producción de la información) a la segunda (transmisión) y tercera fase del proceso (recepción)» (Peñafiel, 2007: 20)

O optimismo (via Negroponte)

«la superautopista de la información puede estar de moda ahora, pero se subestima el futuro. Se extenderá más allá de lo que nadie haya sido capaz de predecir (...) Los bits que controlan el futuro digital están cada vez más en manos de los jóvenes. Nada podría hacerme más feliz» (Negroponte: 1999:273).

Como será o relacionamento dos actuais ouvintes com aquilo que será a rádio do futuro?

Uma das questões de partida deste trabalho é tentar perceber como será o relacionamento dos actuais ouvintes com aquilo que será a rádio do futuro e com aquilo que já é hoje? (para uma definição mais exacta do objecto)

se se pensar que a rádio do futuro será basicamente o que é hoje (ontem, baseada no consumo passivo) então não é preciso pensar muito; mas se concedermos que há novas possibilidades abertas pela digitalização e concorrência em acumulação, então a rádio do futuro não será o que era ontem

dentro da questão musical, interessa saber como será a evolução da actual rádio musical no futuro (como evoluirá, como de desenvolverá); como serão os serviços de musica a partir do elemento sonoro/audio

(até que ponto algumas das reflexões deste trabalho serão úteis para além do seu proprio objecto? a partir do momento em que se consagram plataformas convergentes, a partir da digitalização, o que aqui se disser será valido para a transição de outros meios classicos para o consumo activo?)