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Transistor kills the radio star?

Nenhuma tecnologia elimina a outra?

«(...) Contudo, a lógica da remediação, continuam Bolter e Grusin (2000: 225), sugere que nenhuma tecnologia elimine as outras. É o caso dos videojogos, que podem ser jogados numa consola de videojogos ou num computador mas igualmente num televisor» , escreve Rogério Santos, a partir do livro de Jay David Bolter e Richard Grusin, Remediation. Understanding new media (2000).

Rogério Santos também explica que «relativamente às tecnologias, eu não sou eufórico ou optimista (promessas tipo - a internet traz conhecimentos novos, torna obsoletos todos os media anteriores, os jovens aprendem rapidamente e apropriam-se dela). Igualmente, não sou disfórico ou pessimista (ameaças tipo - uma nova tecnologia traz consigo desregulação, males, disfuncionalidades, vícios). Já o escrevi em 1998, num livro chamado Os novos media e o espaço público. Por isso, uso a internet mas não acredito apenas nas suas potencialidades harmoniosas (há defeitos, como a abundância de informação gerar bulimia e incapacidade de discernir o útil). A internet - e a digitalização - são, em primeiro lugar, tecnologias. Depois, são usadas por pessoas, cujo emprego é múltiplo. (...) como conclusão da leitura que faço do conceito de remediação em Bolter e Grusin, retiro que a internet não é "tudo ou nada" mas apenas relação com os outros media. Ou seja, a internet não provoca o esquecimento dos outros media ou os torna velhos próprios para a sucata».

Nesse mesmo espaço escrevi que «estou convencido de que, ao contrário, a Internet vai tornar obsoletos os outros media. Não é coisa para uma geração nem duas, mas os mais novos já começam a «testar» isso, eles conhecem conteúdos não conhecem meios (se os entendermos como distribuição); O YouTube não é televisão; para eles é. podcasting não é rádio, para eles é»

Rogério Santos, num texto anterior: «Os estudiosos dos media aceitam o mito moderno do novo: as tecnologias digitais como a internet, a realidade virtual e os gráficos de computador estabelecem um divórcio face aos media anteriores, com novos princípios estéticos e culturais. Jay David Bolter e Richard Grusin põem em causa esta concepção, oferecendo uma teoria da mediação na idade digital. Bolter e Grusin argumentam que os novos media encontram significado cultural precisamente porque prestam homenagem e renovam os media anteriores como a pintura de perspectiva, a fotografia, o filme e a televisão. Ao processo de renovação, eles chamam "remediação", referindo que os media anteriores se renovaram face a media ainda mais antigos: a fotografia remediou a pintura, o filme remediou a fotografia, a televisão remediou o filme, o teatro de revista e a rádio (da contracapa do livro de Jay David Bolter e Richard Grusin)» Concordo com esta perspectiva (menos a questão da 'homenagem'), a partir do momento em que se assiste à utilização por parte da Internet, como canal de distribuição, de conteúdos dos meios clássicos, incorporando-os, misturando-os, e adaptando-os: o video, os graficos, os canais de audio, etc.

  

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