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Transistor kills the radio star?

O novo modelo representa o fim de um paradigma

A rádio convencional, sobretudo musical, é estruturada de forma a que - por muito que se ouçam declarações de intenções dos realizadores - o ouvinte seja um consumidor passivo. Existiam formas de convocar a participação dos ouvintes (até como forma de procurar saber de que é que eles gostam...) mas sempre minoritárias (ainda que, em mercados competetivos, haja rádios que testam previamente as suas escolhas). No fundo, a rádio convencional estrutura-se assente em dois conceitos das teorias da comunicação, muito antes das teorias da comunicação se dedicarem a estudar estes fenómenos: há um gatekeeper (o director de programas, o autor da playlist, o autor do programa) que define, de acordo com critérios variados, um agenda setting: esta passa, esta não passa; esta presta, esta não presta; esta enquadra-se no espírito da rádio ou do programa, esta não se enquadra. A rádio, ouviu-se muitas vezes a acusação, por causa deste agenda-setting, é ela própria um «problema de representação do real» (SANTOS, 2001: 114)

A digitalização, ao oferecer um conjunto de ferramentas de interactividade, acaba com esta ideia de produto previamente concebido por um e dirigida a muitos. Os ouvintes afinal têm poder, e não é apenas o poder de ajudarem a escolher as músicas que passam na rádio; é o poder de escolherem efectivamente o que estão a ouvir - LastfM ou PAndora, por exemplo.

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