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Transistor kills the radio star?

Infoexclusão, marginalidade e geografia de utilizadores

«A centralidade da Internet em muitas áreas da actividade social, económica e política converte-se em marginalidade para aqueles que não têm ou possuem um acesso limitado à Rede, assim como para aqueles que não são capazes de tirar partido dela. Por isso, não devemos estranhar em absoluto que a previsão do potencial da Internet como meio para conseguir a liberdade, a produtividade e a comunicação venha acompanhada de uma denúncia da info-exclusão, induzida pela desigualdade na Internet. A disparidade entre os que têm e os que não têm Internet amplia ainda mais o hiato da desigualdade e da exclusão social, numa complexa interacção que parece aumentar a distância entre a promessa da Era da Informação e a crua realidade na qual está imersa uma grande parte da população mundial» (Castells, 2004: 287) 

«a América do Norte, com mais de 161 milhões de utilizadores, era a região dominante do Mundo e, juntamente com os 105 milhões de utilizadores na Europa, constituía o grosso do total de 378 milhões de utilizadores da Internet, contrastando claramente com a distribuição da população mundial. Deste modo, a região Ásia-Pacífico, com mais de dois terços da população mundial, contava somente com 90 milhões de utilizadores, ou seja, 23,6% do total; a América Latina possuía apenas cerca de 15 milhões de utilizadores; o Médio Oriente 2,4 milhões e a África 3,11 milhões, a maior parte deles situados na África do Sul. Em termos da densidade de uso da Internet, a Escandinávia, a América do Norte, a Austrália e (curiosamente) a Coreia do Sul, estavam muito acima dos demais países, seguidos pelo Reino Jnido, Holanda, Alemanha, Japão, Singapura, Taiwan, Hong Kong, continuando pelos países do sul da Europa e depois pelo resto da Àsia, América latina, Médio Oriente, e, muito abaixo, África» (Castells, 2004: 247)

»Dentro de cada país, também existem grandes diferenças espaciais na difusão do uso da Internet. As grandes áreas urbanas são as primeiras a difundi-lo, tanto nos países desenvolvidos como naqueles que estão em vias de desenvolvimento, enquanto que as zonas rurais e as cidades pequenas ficam consideravelmente atrás quanto ao acesso a este novo meio, contradizendo claramente a imagem que os futurólogos tinham formado acerca da "casa de campo electrónica", segundo a qual as pessoas iriam trabalhar e viver fora dos aglomerados urbanos de maior dimensão» (Castells, 2004: 249/250) 

«Existe uma diferença considerável no acesso à Internet para crianças de diferentes grupos de rendimento, o que pode ter importants consequências no futuro. (...) havia computadores em 91% dos lares com um rendimento superior a 75,999 dolareds anuais, enquanto que a proporção baixava até 22% para aquelas crianças cujas famílias contavam com um rendimento inferior a 20.000 dólares. ALém disso, os lares de baixo rendimento geralmente careciam de acesso à Internet, mesmo quando havia computador» (Castells, 2004: 291)

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