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Transistor kills the radio star?

O HD no Brasil

«A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) autorizou transmissões experimentais em agosto, e as redes Bandeirantes, Jovem Pan, RBS, Eldorado e o Sistema Globo de Rádio aderiram. A fase de experiência deve acabar no começo de 2007. De acordo com a Associação das Emissoras de Rádio e Televisão do Estado de São Paulo (AESP), em até dez anos toda a malha radiofônica do Brasil será digital. Isso traz boas e más notícias. Primeiro, as boas. Se na transmissão atual (analógica) as emissoras têm freqüências bastante afastadas umas das outras - para não haver interferência -, o modo digital permite ter maior variedade no cardápio. "É possível que no fim do período de 'simulcasting' haja condições para alocação de novas emissoras no espectro", disse um técnico da Anatel. Nos Estados Unidos, Honda e General Motors trabalham para oferecer 100 emissoras no dial.

A interatividade também aumenta: o ouvinte pode voltar a música, receber informações de trânsito de acordo com o bairro onde está passando, fazer compras sem sair do carro ou assistir a pequenos clipes, no visor do aparelho. Parecido com o sistema RDS que existe hoje (com mensagens de texto no visor, como o nome da música e da emissora), só que mais interativo.

O sistema adotado no Brasil até agora é "in-band on-channel" (Iboc), também chamado de HD Radio. É o mesmo aplicado nos Estados Unidos - 30 países, entre eles Canadá e boa parte da Europa, escolheram outro padrão, o Digital Audio Broadcasting (DAB). O HD Radio permite que as transmissões analógica e digital caminhem na mesma freqüência, sem necessidade de utilizar novos canais, no que foi convencionado chamar de "simulcasting". Isso permite a migração mais suave do padrão analógico para o digital. Algo importante, porque, quando a transição for completa, os aparelhos atuais ficarão mudos. Essa é a primeira má notícia.

O rádio digital é, aparentemente, igual ao tradicional. Muda o chip de decodificação. Alguns donos de carros importados, aliás, têm um no painel e nem sabem. Existem adaptadores para transformar o rádio analógico em digital, mas pode não valer a pena. "Uma caixinha dessas acaba saindo mais cara do que um rádio já preparado para a tecnologia", diz Edgar Kato, gerente de produto da linha de som automotivo da Sony no Brasil. Um rádio Iboc barato da marca, nos Estados Unidos, custa 99 dólares. A segunda má notícia? Nos Estados Unidos, a HD Radio é paga. No Brasil, ela é grátis, mas isso pode mudar. Cobrar pelo rádio é polêmico mesmo em países ricos: a Noruega estabeleceu prazo para encerrar as transmissões FM (em 2014), enquanto o Reino Unido decidiu, no ano passado, que manterá o serviço»

fonte: «AM com som FM, FM como CD: o rádio digital chegou», Cibele Gandolpho, Quatro rodas,

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