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Transistor kills the radio star?

Mais-valias do Zune

(lançado nos EUA a 14/11/06)

«O Zune ontem apresentado publicamente surge, nesta sua primeira geração com um disco rígido de 30 gigabytes. E, além de ler ficheiros musicais e de vídeo, tem como uma das grandes novidade o facto de trazer, já incorporado, um sintonizador de rádio. O Zune é também dotado de um sistema de comunicação wireless (conhecido como WiFi), que justifica algumas das suas anunciadas potencialidades mais aliciantes, baseadas, segundo explica o press release oficial da Microsoft, em conceitos de partilha, descoberta e comunidade, afinal nada mais que características estruturais dos comportamentos da nova geração de utilizadores da Internet.

Através deste sistema, qualquer pessoa (com um Zune nas mãos, claro) pode enviar as canções (ou imagens) que quer partilhar para um outro Zune, de alguém nas suas imediações. No caso de canções partilhadas, estas podem ser escutadas, pelo receptor, por três vezes no período de três dias. Gostando delas, o receptor poderá então adquiri-las e fazer o seu download na loja online da Microsoft, o Zune Marketplace, site construído segundo uma lógica semelhante à que conhecemos da loja iTunes, da Apple. Diferente é apenas a divisão deste serviço em duas zonas, uma de acesso automático e livre, com fóruns de discussão, trocas e vendas, e outra, acessível apenas por login, onde a música aguarda compradores.

A modalidade de escuta por três vezes, até três dias, permite a audição integral de temas sob descoberta, e é mais uma característica que procura competir com os 30 segundos de escuta gratuita permitida pela loja da Apple.

Os modelos de lançamento revelam leitores apenas de três cores: preto, branco e castanho. E, como oferta para os primeiros compradores, em cada leitor estarão já disponíveis conjuntos de canções, telediscos e curtas-metragens (três no total, todas elas sobre desportos radicais).

As primeiras críticas publicadas são positivas. Umas apontam manuseamento intuitivo e ressalvam como novidade mais relevante a comunicação wireless. Apesar de um ensaio comparativo com o iPod revelado pela CNN, com vantagem para o media player da Apple, as primeiras palavras da imprensa escrita são positivas. No New York Times, que descreve o Zune como "excelente", lê-se ainda que "não tem o look ou o tom cool do iPod, mas é mais prático", acrescenta que "não fica com dedadas nem se risca" e que "soa tão bem como um iPod". O Wall Street Journal, por sua vez, diz que "o Zune tem uma série de características interessantes que não vemos no iPod: um ecrã maior, a possibilidade de trocar canções com outros Zunes e um rádio de FM já incorporado".

Com menos entusiasmo, ambos os jornais apontam o sistema de protecção de ficheiros, que no New York Times é inclusivamente descrito como "draconiano". Este artigo critica ainda a ausência, no Zune, de extras como um despertador, equalizador, calendário, directório de moradas ou módulo para notas. A impossibilidade de fazer download de podcasts é outra das críticas mais recorrentes ao sistema.

Uma das novidades menos referidas deste lançamento inaugural é a existência de pacotes complementares com acessórios. O pack para o carro tem alimentador específico e um transmissor de FM. O pack caseiro propõe uma série de cabos e dispositivos que permitem ligar o Zune aos altifalantes de televisão ou hi-fi. O pack de viagem revela adaptadores e complementos para uso solitário ou partilha de conteúdos»

fonte: «Zune lançado nos EUA chega à Europa em 2007», DN, Nuno Galopim e Tiago Pereira, 15/11/06

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