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Transistor kills the radio star?

O DAB não vai chegar a Portugal?

A posição do presidente da Associação Portuguesa de Radiodifusão (APR), José Faustino:

"Como sabemos a Europa adoptou o DAB que à excepção da Inglaterra não tem tido grande implantação, verificando-se até já alguma desactualização técnica, correndo o risco de já estar obsoleto antes de ser adoptado pela generalidade dos países europeus. Efectivamente, este sistema não tem colhido a aceitação do público, dos fabricantes de receptores nem dos radiodifusores.

Na minha opinião uma das fraquezas deste sistema é que utiliza uma tecnologia nova de multiplexagem que implica a existência de um operador de rede, perdendo os operadores a sua independência, no que respeita à distribuição do sinal.

Contrariamente, o sistema DRM, utilizado em ondas curtas e médias, tal como o IBOC [HD] é praticamente a digitalização do actual sistema analógico existente, permitindo até numa fase de transição a emissão simultânea de digital e analógico.
Para que qualquer sistema se imponha no mercado é necessário que o Estado, os operadores e a indústria convirjam nos seus interesses, ora com o sistema DAB tem sido difícil encontrar essa convergência.
O sistema é caro para os operadores, o Estado não tem dinheiro e não o quer financiar, a indústria não fabricará receptores baratos enquanto o publico não os consumir massivamente.
Outro dos problemas deste sistema é que não permite uma evolução gradual do actual sistema analógico para o novo digital.
Contrariamente, tanto o DRM como o IBOC permitem uma adaptação gradual, permitindo aos ouvintes, a pouco e pouco, uma mudança de receptores.
Infelizmente, actualmente na Europa, em FM, não temos alternativa ao DAB, mas o consórcio encarregado de desenvolver o DRM anunciou que dentro de dois anos (2008-?) apresentará uma norma de adaptação ao FM.
Só nessa altura passará a existir, na Europa, outra alternativa, estando eu convencido que então se iniciará gradualmente a passagem para o digital. Isto se as autoridades competentes aceitarem a continuação do uso das actuais frequências do FM. Mas mesmo que assim não seja, depois dessa fase da digitalização do FM será mais fácil a passagem para o DAB.
Resta referir que o, várias vezes anunciado, fecho do FM não tem qualquer data prevista para o nosso país, o que nos dá alguma tranquilidade.
De qualquer modo, e como ficou claro no seminário, o futuro da rádio será digital, só falta saber como e quando".
("O Futuro da Rádio Digital", Fax informativo, APR, 13 Fevereiro 2006 - n.º 427)
De acordo com Jorge Guimarães Silva: "Desde 1998 que Portugal usufrui de rádio digital. O sistema Digital Audio Broadcast (DAB) foi o escolhido, mas passados oito anos tudo continua na mesma: a única estação a transmitir em digital continua a ser a RDP e os ouvintes que a escutam em DAB não serão muitos, porque um receptor ainda é caro, e os mesmos programas podem ser escutados simultaneamente em Frequência Modulada (FM)".
Neste texto há um comentário interessante: "O problema [as queixas de alguns ouvintes na GB] não resulta da tecnologia DAB, mas antes do excesso de oferta por multiplex.
Se você tiver 600 Kbps e lá colocar 3 canais conseguirá um som fantástico. Agora, se funcionar com 40 e 50 Kbps para canais de música porque lá coloca 10 a 12 canais, é evidente que a qualidade chega quase a ser inferior ao FM. O DAB, creio, não tem os dias contados. A sua evolução é porém inevitável. O DVB-H ou o DMB serão o passo seguinte. Feitas as comparações, o DAB é um telemóvel da 1ª geração. O DVB-H será a 3ª geração. O DRM é igualmente possível, admitindo que permitirá mesmo a digitalização do FM, possível de vingar no futuro."
Sobre o debate que se realizou em Lisboa: "o DAB pretende digitalizar a emissão em FM, precisamente aquela que menos problemas de recepção oferece para os ouvintes. Então o que os levará a mudar ? Foi uma das questões levantadas no seminário. A excepção parece ser o Reino Unido, onde a popularização do DAB tem sido excepcional - segundo dados divulgados na apresentação feita por Miguel Henriques, da Anacom, só no último período natalício foram vendidos cerca de 400 mil receptores."

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