Ponto da situação sobre o DAB
com a devida vénia a Paula Cordeiro, transcrevo este texto:
"Depois de várias experiências, alguns países europeus não encontraram no DAB uma possível solução para o futuro das emissões digitais de rádio. Finlândia e Suécia são casos assumidos, pelo avultado investimento que o Digital Audio Broadcasting requer e pela aparente ausência de reais vantagens do sistema em relação ao FM. Contudo, no mundo, estima-se que um milhão de pessoas tenha disponíveis serviços de rádio digital, a par com o DMB (Digital Multimedia Broadcasting) para a televisão móvel.
Mas se em alguns países do norte da Europa o DAB não é, e à partida, não será uma realidade, no Reino Unido o cenário apresenta-se radicalmente diferente, dado que só aqui, a audiência DAB atinge os três milhões de aparelhos. Em todos os países do Reino Unido registam-se valores de cobertura digital acima dos 50%. No seu total, a audição de rádio via digital, particularmente através do DAB, está em crescimento. As estatísticas indicam que, pela primeira vez, a escuta de rádio via DAB suplantou o total de horas de audição através da televisão digital e Internet. Também as vendas de receptores estão a crescer (especialmente auto-rádios), prevendo-se uma taxa de penetração destes aparelhos nos lares do Reino Unido de cerca de 40% para 2009, sendo que a percentagem total de indivíduos que possuem actualmente um sistema DAB ronda os 10,5%.
Contudo, há também dados estatísticos relativos ao Reino Unido que indicam que o consumo de rádio via Internet tem também crescido ao longo dos últimos três anos, sendo que esse consumo se faz em substituição do aparelho tradicional para escuta de estações de rádio disponíveis em FM, aspecto que relança a discussão em torno da plataforma digital que fará o futuro da rádio.
Em relação ao DAB, na Alemanha o serviço de transmissão digital continua a crescer. Foram lançadas 10 novas estações em 2005, para um total de 90 estações com emissão digital. Para 2006, as previsões indicam um crescimento do número de receptores entre a população. A Alemanha vai também liderar duas experiências DMB em 2006. Um desses projectos, My Friends, irá desenvolver-se ao longo dos próximos dois anos, e recebeu o estatuto de projecto Europeu, com um orçamento de cerca de 18 milhões de euros.
Países como a Bélgica, Espanha e Suíça tinham, em meados de 2004, uma cobertura DAB que atingia mais de metade da população, chegando perto dos 100%, no caso da Bélgica. Espanha espera este ano atingir uma cobertura de 80% e tem 18 serviços digitais (público e privado).
Na Suíça, o DAB tem sido um grande sucesso. Já há receptores DAB disponíveis para comercialização a preços razoáveis, prevendo-se que a cobertura alcance os 73% no início deste ano. Neste país existem 30 estações de DAB (francês e alemão) e a corporação de radiodifusão suíça pretende não aumentar os investimentos na expansão da rede FM, mobilizando os seus esforços para o desenvolvimento da rede DAB. A este aspecto junta-se o interesse dos media suíços na criação de uma estrutura adicional para a rede e de uma comissão para promover os produtos e serviços da rede DAB junto do público suíço.
Na Holanda, a cobertura DAB chega a cerca de 70% da população. O objectivo para 2006 é atingir a meta dos 90%. Serviços inovadores via DAB já estão a ser emitidos e, tal como na Suíça, foi também criada uma comissão para definir a estratégia de marketing deste novo sistema de radiodifusão junto dos consumidores, estando previsto para 2019 o fim das emissões analógicas.
Na Dinamarca, o DAB tem conhecido um crescimento exponencial, com vendas que crescem anualmente (de 40,000 aparelhos em 2004 para 135,000 antes do Natal de 2005). A cobertura ronda igualmente os 70%, há um forte investimento estatal neste sistema e um empenhamento da rádio pública para implantar o DAB, a par com campanhas de promoção desenvolvidas pelo comité de marketing criado para o efeito.
A Noruega prevê alcançar uma cobertura de 80% e a rádio pública prevê terminar as emissões analógicas em 2014.
Na Itália, foram criadas novas regras envolvendo o DAB e as licenças para emissão devem ser entregues durante o ano de 2006.
Em Portugal, o processo remonta a 1998, altura em que foi lançado o concurso público para atribuição de uma licença ai nível nacional para o estabelecimento e fornecimento de uma rede de radiodifusão digital terrestre, ganho pela RDP. O processo de instalação de emissores e alargamento da cobertura tem vindo a desenvolver-se e prevê-se que todo o país e ilhas estejam cobertos em 2007.
A este panorama de desenvolvimento digital europeu, juntam-se iniciativas por todo o mundo. Na Austrália foi criada uma nova legislação para a rádio digital. Singapura tem uma cobertura de 100%, chegando a toda a população, a par com grande interesse governamental e entusiasmo dos operadores. Existem, neste país, sete estações de DAB, das quais seis emitem exclusivamente neste sistema. O governo de Taiwan prevê lançar os serviços DAB em 2006. Na China, as experiências começaram em 1996 e, em 2005 , passaram a ser transmitidos dois serviços de programas em DAB, estando previstos mais seis, para um público de 12 milhões de pessoas. Na Índia, as emissões experimentais remontam a 1997, sendo que em 2003 começaram os serviços regulares de DAB em Nova Deli. Na Coreia foram lançados serviços DMB (Digital Multimedia Broadcasting) que incluem televisão, dados e rádio. As estimativas apontam para a venda de 22 milhões de aparelhos portáteis, dos quais, 2 milhões durante o ano de 2006. Neste país começaram já a ser comercializados telemóveis com recepção DMB e, no futuro, mais de 30 canais de vídeo e rádio oferecerão entretenimento e notícias, mapas e outras informações. Os receptores, fabricados pela Samsung, a LG Electronics e outras empresas coreanas, estão já disponíveis, a par com os serviços de DMB disponibilizados pela maior operadora móvel do país.
Como no mercado asiático, o panorama canadiano apresenta-se como dos mais dinâmicos no que ao DAB diz respeito. Num total de 11 milhões de potenciais ouvintes, em 2004, trinta e cinco por cento da população já podia receber serviços de DAB e existiam 73 licenças para estações DAB.
Na Europa, a transição para o digital está prevista para 2012, apesar de alguns países conseguirem completar o processo em 2008. Em ligação com a Estratégia de Lisboa, a migração procura, ao nível da rádio, melhorar a qualidade e ampliar a escolha disponibilizando novos e mais serviços de programas."
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