Hipóteses
-a rádio ainda serve para alguma coisa?
- a rádio poderá ser só voz? A rádio contra a solidão (característica, cada vez mais marcante, da nossa sociedade?)? Recurso a formas mais eficazes e ricas de comunicação, conjugando a construção efectiva de uma oralidade com formas mais capazes de combater o ruído?
- como seria um fórum sem participação de um moderador (um caos)? Seria possível? Alguém quer participar num assim?
- o computador está a matar a rádio ou só a reposicioná-la? Tornará a voz/palavra mais importante, as pessoas?
- o que é que vai desaparecer, da rádio actual, e o que é que fica? Fica a edição, o editorial, a decisão, a moderação, o equilíbrio, a gestão dos excessos?
- a tecnologia, relativamente à rádio (só à rádio?), está a funcionar como filtro, como depuradora de tudo o que não é determinante; ela faz a limpeza do que não era essencial à rádio (mesmo que no presente isso parecesse); gorduras?
- depois da televisão ter tirado a rádio de casa (tirou?), a rádio barricou-se no carro e transformou-se numa espécie de gira-discos (mais ou menos personalizado); o computador vai fazer o quê à rádio: fechá-la ainda mais no carro? Diminuir ouvintes? Há que ter em conta, pelo menos num espaço de 20 anos, a realidade do transporte individual, que obriga a uma atenção de base e impede outra visualização. A rádio manterá uma característica de acumulação e locomoção, mas a tecnologia permitirá substituir a rádio como elemento único (o CD nunca foi verdadeiramente uma alternativa porque implica substituir os discos e limita muito as escolhas); já um leitor digital de música ou um telemóvel permitirão acumular centenas (milhares ) de músicas e ligá-las ao sistema áudio do carro.
- as pessoas continuarão (cada vez mais a viajar sozinhas), mas em transportes colectivos, necessitando de companhia auditiva (visual também?). E nesses (autocarros, barcos, aviões) a rádio nunca foi opção, pelas suas dificuldades de propagação (que só o satélite poderá eliminar). Continuará a não ser? Os dispositivos pessoais (recusados em aviões), como telemóveis, leitores digitais de música, serão alternativa? Quanto mais eles se impuserem, menos hábitos de escuta de rádio
- os profetas da desgraça também prenunciavam o fim da rádio quando a televisão explodiu. E a rádio sobreviveu, por causa do transístor. E agora? Quem vai salvar a rádio da tecnologia? A tecnologia? O regresso à condição essencial do homem, a sua voz?
- a rádio por satélite, sem publicidade, perfeita no som e super-segmentada, é o futuro da rádio? O que é que os seus assinantes esperam dela, que não encontrem por exemplo nos downloads de música (quem paga uma, paga outra )? Por facilidade (os downloads dão trabalho implicam vontade e acção, enquanto a rádio é só ouvir)?
- a rádio só fará o que não tiver sentido noutros meios? O teatro, por exemplo, que é essencialmente visual. Porquê ouvi-lo na rádio se posso vê-lo na televisão? Por outras palavras, a rádio especializa-se no seu core ou compete? Por outro lado, até que ponto a rádio pode limitar-se a apenas fazer aquilo que a tv não faz? O carro não permite ver ecrãs? É curto e redutor! A televisão e o jornal não permitem acumular e circular? Mas a rádio deixou de ser o único meio. Com um telemóvel posso correr e ouvir música; jogar e ouvir música; a rádio tem concorrência na única área que era sua. Ou é mais sensato, evitar comparações, braços-de-ferro, apostando na complementaridade? Mas há produtos que não funcionam bem na televisão a rádio poderá tirar partido? Um homem, só, no estúdio, a conversar com ouvintes. Parece ser um produto radiofónico. Há outros formatos não-visuais? São os que pressupõem pessoas a falar? Uma leitura de um poema
- a rádio terá vantagens (ou conseguirá continuar a) em tirar partido de alguma arrogância (dominadora) da televisão? Muito formatada, muito presa, refém da imagem, sem margem para outras abordagens? Enquanto a televisão continuar a imitar modelos da rádio (dando-lhes imagem) a rádio terá o seu espaço garantido?
- a concorrência da rádio deixou de ser a televisão e passaram a ser os telemóveis? A existência de um meio mais absorvente não significa que não haja espaços para outros (os telemóveis excluem o argumento que a rádio chega onde a televisão não chega; a televisão passa a chegar a todo o lado; só a acumulação a impede)
- a rádio tornar-se-á num produto minoritário (público e receitas)? Dirigido a minorias ou elites? Será viável?
- o próprio conceito de rádio está em causa: as rádios na Internet, que cada um pode programar, são gira discos personalizados ou rádios? Qual é a essência básica de rádio para que se possa perceber o que fica e o que passa? É rádio se tiver alguém lá dentro, alguém que fale? Os downloads não são rádio;
- a música tem lugar na nova rádio? A música, se representar alinhamentos incaracterísticos, se não encontrar diferenças com o computador, se não surpreender, se não for contada/explicada/humanizada, não. A tecnologia faz o mesmo com mais ganhos, eficiência e rigor. GPS e o trânsito a música explicada (os leitores digitais dizem o nome da musica, o autor e o ano e até podem incluir a letra , portanto explica-la é mais do que anunciá-la), relacionada? Novos formatos?
- a tecnologia também vai tirar à rádio uma das suas características básicas, a imediatez na informação? Um telemóvel pode transmitir imagens e permitir pôr um repórter no ar (numa televisão) ao mesmo tempo que numa rádio Se há uma crise e o fornecimento de energia é interrompido, as pessoas viravam-se para a rádio (na origem a funcionar com gerador); agora podem ver no telemóvel, enquanto a bateria durar (no caso da rádio, enquanto as pilhas )
- estão em causa uma série de lugares-comuns, de ideias-feitas, que alimentaram a rádio durante décadas? Por exemplo, antes entrávamos numa loja e havia rádio; hoje há a televisão; antes, num escritório, os funcionários ouviam rádio (ou musica pré-gravada em CD); hoje podem ouvir a sua selecção na Internet ou leitores digitais ou musica no computador; antes íamos correr e levávamos o rádio; hoje os leitores digitais de música ou os telemóveis se eu for ao estádio ver um jogo de futebol e o jogo estiver a ser transmitido na televisão (e no meu telemóvel), eu ouço a rádio ou vejo a televisão? A televisão obriga-me a acumular e isso não é possível. Mas permite ver os lances em repetição ou mais polémicos. A rádio permite a acumulação mas tem mais-valia?
(o que o computador puder fazer, fará melhor)
A rádio vai ficar à espera do fim, à espera que o fim não chegue tão cedo? Ou vai perceber que só estará condenada se não conseguir encontrar diferenças (potenciando-as) com a televisão e as novas tecnologias? È uma perspectiva pessimista ou apenas inquieta sobre o futuro da rádio?
- a rádio poderá ser só voz? A rádio contra a solidão (característica, cada vez mais marcante, da nossa sociedade?)? Recurso a formas mais eficazes e ricas de comunicação, conjugando a construção efectiva de uma oralidade com formas mais capazes de combater o ruído?
- como seria um fórum sem participação de um moderador (um caos)? Seria possível? Alguém quer participar num assim?
- o computador está a matar a rádio ou só a reposicioná-la? Tornará a voz/palavra mais importante, as pessoas?
- o que é que vai desaparecer, da rádio actual, e o que é que fica? Fica a edição, o editorial, a decisão, a moderação, o equilíbrio, a gestão dos excessos?
- a tecnologia, relativamente à rádio (só à rádio?), está a funcionar como filtro, como depuradora de tudo o que não é determinante; ela faz a limpeza do que não era essencial à rádio (mesmo que no presente isso parecesse); gorduras?
- depois da televisão ter tirado a rádio de casa (tirou?), a rádio barricou-se no carro e transformou-se numa espécie de gira-discos (mais ou menos personalizado); o computador vai fazer o quê à rádio: fechá-la ainda mais no carro? Diminuir ouvintes? Há que ter em conta, pelo menos num espaço de 20 anos, a realidade do transporte individual, que obriga a uma atenção de base e impede outra visualização. A rádio manterá uma característica de acumulação e locomoção, mas a tecnologia permitirá substituir a rádio como elemento único (o CD nunca foi verdadeiramente uma alternativa porque implica substituir os discos e limita muito as escolhas); já um leitor digital de música ou um telemóvel permitirão acumular centenas (milhares ) de músicas e ligá-las ao sistema áudio do carro.
- as pessoas continuarão (cada vez mais a viajar sozinhas), mas em transportes colectivos, necessitando de companhia auditiva (visual também?). E nesses (autocarros, barcos, aviões) a rádio nunca foi opção, pelas suas dificuldades de propagação (que só o satélite poderá eliminar). Continuará a não ser? Os dispositivos pessoais (recusados em aviões), como telemóveis, leitores digitais de música, serão alternativa? Quanto mais eles se impuserem, menos hábitos de escuta de rádio
- os profetas da desgraça também prenunciavam o fim da rádio quando a televisão explodiu. E a rádio sobreviveu, por causa do transístor. E agora? Quem vai salvar a rádio da tecnologia? A tecnologia? O regresso à condição essencial do homem, a sua voz?
- a rádio por satélite, sem publicidade, perfeita no som e super-segmentada, é o futuro da rádio? O que é que os seus assinantes esperam dela, que não encontrem por exemplo nos downloads de música (quem paga uma, paga outra )? Por facilidade (os downloads dão trabalho implicam vontade e acção, enquanto a rádio é só ouvir)?
- a rádio só fará o que não tiver sentido noutros meios? O teatro, por exemplo, que é essencialmente visual. Porquê ouvi-lo na rádio se posso vê-lo na televisão? Por outras palavras, a rádio especializa-se no seu core ou compete? Por outro lado, até que ponto a rádio pode limitar-se a apenas fazer aquilo que a tv não faz? O carro não permite ver ecrãs? É curto e redutor! A televisão e o jornal não permitem acumular e circular? Mas a rádio deixou de ser o único meio. Com um telemóvel posso correr e ouvir música; jogar e ouvir música; a rádio tem concorrência na única área que era sua. Ou é mais sensato, evitar comparações, braços-de-ferro, apostando na complementaridade? Mas há produtos que não funcionam bem na televisão a rádio poderá tirar partido? Um homem, só, no estúdio, a conversar com ouvintes. Parece ser um produto radiofónico. Há outros formatos não-visuais? São os que pressupõem pessoas a falar? Uma leitura de um poema
- a rádio terá vantagens (ou conseguirá continuar a) em tirar partido de alguma arrogância (dominadora) da televisão? Muito formatada, muito presa, refém da imagem, sem margem para outras abordagens? Enquanto a televisão continuar a imitar modelos da rádio (dando-lhes imagem) a rádio terá o seu espaço garantido?
- a concorrência da rádio deixou de ser a televisão e passaram a ser os telemóveis? A existência de um meio mais absorvente não significa que não haja espaços para outros (os telemóveis excluem o argumento que a rádio chega onde a televisão não chega; a televisão passa a chegar a todo o lado; só a acumulação a impede)
- a rádio tornar-se-á num produto minoritário (público e receitas)? Dirigido a minorias ou elites? Será viável?
- o próprio conceito de rádio está em causa: as rádios na Internet, que cada um pode programar, são gira discos personalizados ou rádios? Qual é a essência básica de rádio para que se possa perceber o que fica e o que passa? É rádio se tiver alguém lá dentro, alguém que fale? Os downloads não são rádio;
- a música tem lugar na nova rádio? A música, se representar alinhamentos incaracterísticos, se não encontrar diferenças com o computador, se não surpreender, se não for contada/explicada/humanizada, não. A tecnologia faz o mesmo com mais ganhos, eficiência e rigor. GPS e o trânsito a música explicada (os leitores digitais dizem o nome da musica, o autor e o ano e até podem incluir a letra , portanto explica-la é mais do que anunciá-la), relacionada? Novos formatos?
- a tecnologia também vai tirar à rádio uma das suas características básicas, a imediatez na informação? Um telemóvel pode transmitir imagens e permitir pôr um repórter no ar (numa televisão) ao mesmo tempo que numa rádio Se há uma crise e o fornecimento de energia é interrompido, as pessoas viravam-se para a rádio (na origem a funcionar com gerador); agora podem ver no telemóvel, enquanto a bateria durar (no caso da rádio, enquanto as pilhas )
- estão em causa uma série de lugares-comuns, de ideias-feitas, que alimentaram a rádio durante décadas? Por exemplo, antes entrávamos numa loja e havia rádio; hoje há a televisão; antes, num escritório, os funcionários ouviam rádio (ou musica pré-gravada em CD); hoje podem ouvir a sua selecção na Internet ou leitores digitais ou musica no computador; antes íamos correr e levávamos o rádio; hoje os leitores digitais de música ou os telemóveis se eu for ao estádio ver um jogo de futebol e o jogo estiver a ser transmitido na televisão (e no meu telemóvel), eu ouço a rádio ou vejo a televisão? A televisão obriga-me a acumular e isso não é possível. Mas permite ver os lances em repetição ou mais polémicos. A rádio permite a acumulação mas tem mais-valia?
(o que o computador puder fazer, fará melhor)
A rádio vai ficar à espera do fim, à espera que o fim não chegue tão cedo? Ou vai perceber que só estará condenada se não conseguir encontrar diferenças (potenciando-as) com a televisão e as novas tecnologias? È uma perspectiva pessimista ou apenas inquieta sobre o futuro da rádio?
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