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Transistor kills the radio star?

3.2.3 Downloads legais

Concorrente do iTunes chega à Europa

«A eMusic, a segunda maior loja de música online a operar actualmente (depois da iTunes), abriu a sua filial europeia, oferecendo downloads sem qualquer tipo de restrição digital, em troca de uma assinatura mensal. O serviço está alojado no website www.emusic.com e é o maior distribuidor de música digital associada a editoras independentes (cerca de 8500, no total).

O serviço eMusic funciona com base num pagamento mensal que garante o acesso a um determinado número de downloads: 12,99 euros representam 40 ficheiros mp3, enquanto 20,99 euros por mês asseguram 90 canções descarregadas. Esgotado o limite dos downloads, cada assinante poderá pagar por cada canção extra ou adquirir os chamados booster packs, ou seja, novos pacotes de downloads.

Contrariando os métodos seguidos por outros serviços (como o iTunes ou o Napster), os ficheiros descarregados através do eMusic não estão condicionados pelos direitos digitais (DRM). Ou seja, a cópia dos ficheiros em CD não está limitada, nem a sua transferência para outros computadores ou leitores portáteis. Tratam-se de ficheiros mp3 que podem ser descodificados por qualquer leitor de música digital, incluindo o iPod da Apple. Ao contrário de serviços como o Napster, os ficheiros já descarregados não são apagados do computador se o utilizador cancelar a sua assinatura.

O catálogo da loja eMusic abrange cerca de 1,7 milhões de títulos, associados a editoras independentes, como o grupo Beggars (XL, Matador, Beggars Banquet, 4AD), Edel ou Domino, que até agora não estavam acessíveis no formato digital na Europa. De fora ficam os títulos das chamadas majors, associadas a outros serviços.

Neste momento, o iTunes domina o mercado europeu, com cerca de 80% das vendas registadas. O objectivo da eMusic é a concorrência directa ao iTunes. O próprio presidente da eMusic, David Pakman, afirmou, durante a apresentação do serviço na Europa, que "o domínio do iTunes no mercado europeu chegou ao fim".

A chegada do eMusic à Europa surge pouco depois de o serviço MySpace (www.myspace.com) ter anunciado que os músicos e as bandas sem contrato discográfico, que tenham ali o seu espaço registado, poderão começar a vender as suas músicas livremente (a um preço definido pelos próprios). O MySpace é um dos grandes responsáveis pela recente descoberta de novos grupos que entraram com sucesso no mercado pop-rock e foi o site mais visitado na América do Norte em 2005. Hoje tem cerca de 106 milhões de utilizadores. »

fonte: «E Music chega à Europa sem restrições digitais», Tiago Pereira, DN, 13/9/06

Muito, muito importante: música legal e à borla

A Universal Music vai lançar um novo serviço de download gratuito de músicas através da Internet, que promete fazer concorrência ao iTunes da Apple. O serviço será lançado já em Dezembro próximo. Intitulado SpiralFrog, o novo serviço dependerá da publicidade para obter receitas, o que supõe um modelo diferente de negócios daquele que oferece o gigante informático. Segundo o Financial Times, citado pelo Diário Digital, o modelo já começou a atrair anunciantes, e marcas como a Levi’s, Aeropostale, Benetton e outras já expressaram o seu interesse.

«o Spiralfrog entra no ar até o final deste ano e oferecerá canções para usuários que assistirem à pequenos comerciais. O serviço estatá disponível somente para internautas dos EUA e Canadá. (...) Na opinião de Robin Kent, executivo-chefe da Spiralfrog, oferecer músicas gratuitamente na internet é a melhor forma de atrair o público jovem para sites legais de entretenimento. A Federação Internacional da Indústria Fonográfica estima que para cada download legal de música, ocorram outros 40 downloads ilegais»

«Chaffin e van Duyn [jornalistas do Finantial Times] dizem que o principal executivo da SpiralFrog, Robin Kent, tem conversado com outras gravadoras como Warner, EMI e Sony, na esperança de atraí-las para o negócio. Seu principal argumento é o repentino aumento da publicidade na Internet.De acordo com Chaffin e van Duyn, a chegada de um rival para o iTunes baseado no modelo de downloads grátis representa uma tendência da indústria fonográfica de lucrar com a distribuição de música em formato digital ainda dominada pela pirataria.Chaffin e van Duyn dizem que o principal executivo da SpiralFrog, Robin Kent, tem conversado com outras gravadoras como Warner, EMI e Sony, na esperança de atraí-las para o negócio. Seu principal argumento é o repentino aumento da publicidade na Internet. De acordo com Chaffin e van Duyn, a chegada de um rival para o iTunes baseado no modelo de downloads grátis representa uma tendência da indústria fonográfica de lucrar com a distribuição de música em formato digital ainda dominada pela pirataria»

Duvidas:

«Que não há almoços grátis é uma outra máxima que qualquer aprendiz de economia reconhece e que qualquer profissional da publicidade explora. Por isso, o modelo do SpiralFrog assenta numa contrapartida: só depois do visionamento de um anúncio publicitário de 90 segundos é que é possível aceder, sem pagar, à música desejada. (...) Mas convém não aplaudir tão entusiasticamente o lançamento do SpiralFrog, recomenda este especialista, que identifica uma série de "senãos" no novo serviço. Desde logo, a impossibilidade de evitar a publicidade cada vez que se descarrega uma música. Depois, a incompatibilidade dos ficheiros com vários equipamentos (alguns sistemas operativos e leitores de mp3). A seguir, o facto de ser impossível transferir as músicas descarregadas para CD. E finalmente o prazo de validade de apenas seis meses do download. "Quem vai querer descarregar as mesmas músicas de seis em seis meses para poder manter uma playlist?", pergunta.
No vasto mundo da blogosfera, o SpiralFrog não recolheu grandes simpatias. Ted Samson, do blogue Infoworld Tech Watch, nota que o novo serviço é demasiado complicado. "Quem se vai dar ao trabalho de cumprir com as regras todas do SpiralFrog se tem acesso a música barata no iTunes ou até de borla no MySpace?", pergunta. E Grant Robertson, do Digital Music Weblog, nota a principal razão por que o modelo de SpiralFrog está condenado ao fracasso. "Vejam as tendências do consumo, do TiVo à rádio por satélite", escreveu, argumentando que, entre downloads gratuitos e anúncios indesejados, o público está disposto a pagar para não ter publicidade» (fonte: «Editoras Discográficas voltam-se agora para o mercado digital», Rita Siza, Publico, 3/9/06, pag 34)