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Transistor kills the radio star?

Até onde poderá ir a interactividade na rádio?

de acordo com diversas definições, podemos considerar aquilo que aqui designámos por «controlo», «personalização», «produção», «partilha» ou «socialização» como interactividade.

Ora se o fizéssemos teríamos, posteriormente, de afirmar que não existe interactividade na rádio (mesmo na de consumo passivo). Como se verá, contudo, tem sido esta interactividade uma das áreas mais exploradas pela rádio quando evolui para a Internet.

Optámos, portanto, por considerar, a partir de . Também as conclusões de Rafaeli se enquadram nesta preocupação: «a interactividade corresponde à sequência entre a relação de resposta e o contexto em que a mesma se processa, de transacções que reflectem estádios anteriores do processo de troca de mensagens» (Cordeiro, 2007: 106).

Ou seja, entendemos a ideia de interactividade (ou de interacção, uma vez que, neste contexto, entendemos não fazer sentido a sua separação) com um «diálogo», como troca de mensagens, como o desejo de manifestar, influenciar, de intervir, a partir da tecnologia digital, com mediação feita por computadores, que são efectivamente potenciadores desta realidade. Embora saibamos que as perspectivas mais tecnológicas sejam muito mais ambiciosas.

A questão, mais uma vez, é que não podemos ignorar, num trabalho como este, que «todo parece indicar, que la interactividad se erige como el gran valedor del éxito que pueda tener la radio en Internet» (Toral e Murelaga, 2007: 57). O mesmo pensa Herrera: «No cabe duda de que los últimos avances en este terreno han hecho de la interactividad un elemento fundamental en el surgimiento de una nueva forma de entender la comunicación, el ocio y las relaciones interpersonales» (Herrera, 2004b: 12). Lind, Medoff e Rarick avançam com dados de um estudo realizado em 2001: «one of the factors for visiting web radio stations is the possibility of interaction with others» (apud van Selm et al, 2006: 275). Isto não significa que a rádio esteja pronta para aproveitar esta interactividade, nomeadamente se ela significar mexer com o estatuto do «gatekeeper». No estudo de van Selm et al junto de responsáveis e públicos de uma rádio online holandesa, verificou-se uma «discrepancy between radio programme hosts and 'chatters' regarding the value assigned to interactions during the web shows» (idem, 274), sendo que «this lack of enthusiasm for the contribution of chat box by programme hosts did not go unnoticed by listeners» (idem, 275). Estes autores citam um estudo de Lind e Medoff (2000) em que se faz uma análise dos conteúdos das páginas online de diversas rádios dos Estados Unidos e em que se percebe que «no more than 15 percent of the sites examined (…) provide chat opportunities for listeners» (van Selm et al, 2006: 267). E se «The BuZz web radio staff, on the other hand, showed a reluctance to provide listeners with too much influence over programme content» (idem, 279-280), percebe-se que será apenas uma questão de tempo e de vencer as resistências iniciais, uma vez que «estas posibilidades - que se prevé se consoliden en un futuro cercano - ofrecen ventajas tanto para los oyentes como para los profesionales» (Herrera, 2006). 

Ou seja, a rádio convencional, evoluindo para a realidade do consumo passivo-activo, está obrigada a aumentar os níveis de interactividade com os seus públicos. Serão cada vez mais interactivas, pode afirmar-se com segurança. Mas enquanto não deixarem que esses mesmo ouvintes influenciem directamente as escolhas, estaremos a falar no tal nível porventura mais baixo de interacção

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