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Transistor kills the radio star?

A rádio musical será o que vier a ser a nova industria discográfica

«No último mês, a cada vez mais fragilizada indústria discográfica sofreu três abalos devastadores (para não dizer mortais). Primeiro foi Prince quem decidiu distribuir gratuitamente o seu novo disco, PLanet Earth, com o suplemento dominical de um jornal britânico. Alguns dias depois, Madonna deixou a Warner e assinou contra com uma produtora de espectáculos ao vivo. Mias o golpe de misericórdia foi desferido pelos Radiohead que colocaram o seu novo disco na Internet, prescindindo de editora. Num golpe de génio, a banda propôs o «download» pelo preço que cada um quisesse dar. (...) O que parecia uma estratégia suicida revelou-se, portanto, um excelente negócio. Nos Estados Unidos, como no resto do Mundo, o negócio do disco vai de mal a pior. Desde 2002 que as vendas não param de cair e os números mais recentes são catastróficos. Vendem-se hoje, grosso modo, metade dos discos que se vendiam há cinco anos. E a tendência é para as coisas piorarem (...) Se é verdade que se vendem cada vez menos discos, não é menos certo que se ouve cada vez mais música. O negócio dos concertos está em plena expansão (nos EUA as receitas de venda de bilhetes duplicaram nos últimos cinco anos) e as multinacionais do disco compreenderam-no finalmente. Em França, editoras como a Universal e a BMG até já compram salas de espectáculo para aí apresentar os seus artistas. Os mais pessimistas alertam, contudo, para novos riscos, também neste domínio. No mundo actual, as galinhas que põem ovos de ouro têm a vida cada vez mais curta. Um dos perigos que se correm é precisamente o da gratuitidade. Há cada vez mais Câmaras Municipais e grandes instituições privadas a promover eventos com entrada livre. Começa também a haver algum excesso de oferta. (...) No ano em que comemora 25 anos, o CD (o Compact Disc foi lançado em 1982, fruto de uma colaboração entre a Philips e a Sony) está, pois, elas ruas da amargura.»

fonte: «O fim da era do CD», Jorge LIma ALves, EXpresso/Actual, 3/11/07, págs 11-13  

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