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Transistor kills the radio star?

Para uma fundamentação da websocial (via Castells)

A origem: «No último quarto do século XX coincidiram três processos independentes, que derivaram numa nova estrutura social baseada predominantemente em redes. As necessidades da economia em flexibilizar a gestão e de globalizar o capital, a produção e o comércio. A procura de uma sociedade em que os valores da liberdade individual e da comunicaçao aberta fossem fundamentais. E, por fim, os extraordinários avanços da informática e as telecomunicações, o que só foi possível graças à revolução da microelectrónica» (2004: 16)

A fundamentação: «A cultura da Internet é a cultura dos seus criadores. Por cultura entendo um conjunto de crenças e valores que formam o comportamento. Os esquemas de comportamento repetitivos geram costumes que se impõem perante as instituições assim como perante as organizações sociais informais» (2004:55)

«O segundo valor partilhado, surgido das comunidades virtuais, é aquilo que eu chamo conectividade autodirigida, ou seja, a capacidade de qualquer pessoa para encontrar o seu proprio destino na Rede, e, não o encontrar, para criar e publicar a sua  própria informação, suscitando assim a criação de uma nova Rede. Desde os primitivos BBS dos anos 80 aos mais sofisticados sistemas interactivos deste princípio de século, a publicação, organização e ligação em redes próprias constituem um modelo de comportamento que se estende a todos os usos da Internet e que se difunde a partir da Internet para todo o espaço social.» (2004: 76)

Características: «Uma série de estudos realizados há alguns anos por vários sociólogos urbanos (Suzanne Keller, Barry Wellman e Claude Fischer, entre outros) demonstrou que as redes substituem os lugares como suportes da sociabilidade, tanto nas zonas periféricas como nas cidades» (2004: 156)

«(...) o novo padrão dominante parece estar constituído em torno do que poderíamos denominar relações terciárias, ou o que Wellman chama «comunidades personalizadas», personificadas em redes centradas no eu. Isto representa a privatização da sociabilidade. Esta relação individualizada com a sociedade é um modelo específico da sociabilidade, não um atributo psicológico» (2004: 158)  

«Talvez o passo analítico necessário para compreender as novas formas de interacção social na Era da Internet consista em construir uma redefinição da comunidade, retirando transcendência à sua componente cultural e dando ênfase à função de apoio que cumpre para indivíduos e famílias, para não limitar a sua existência social a uma única modalidade de acção material. Portanto, uma definição provisória útil neste sentido seria a proposta por Barry Wellman: «As comunidades são redes de laços interpessoais que proporcionam sociabilidade, apoio, informação, um sentimento de pertença e uma identidade social.» (2001:1)» (2004: 157) 

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