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Transistor kills the radio star?

O fim dos relógios de pulso?

A revista Visão de 2/6/05 apresenta, na página 92, um artigo muito interessante sobre o fim dos relógios de pulso, substituídos pelos telemóveis. Fim? Veremos depois.
A questão é importante para este âmbito porque é mais um exemplo de uma tecnologia tradicional, devidamente implantada a nível mundial, que é ameaçada por uma outra tecnologia que chega agora, mas com vantagens. Quais? A concentração num só aparelho de várias utilidades – uma das quais o relógio.
A reportagem conta o caso de uma miúda de 10 anos que deixou de usar relógio pouco depois de aprender na escola a ler as horas. É que o seu Nokia 3200 tem, além de relógio, o Bounce, o seu jogo preferido.
Outro caso que ali é contado: um estudante de 24 anos mantém os relógios numa gaveta de casa e só recorre ao telemóvel: “Não acordo sobressaltado com o barulho do meu relógio-despertador – posso escolher, para isso, uma música mais soft, no telemóvel”. A propósito, a rapariga também conta que grava sons da sua aparelhagem para o telemóvel, para pôr a tocar na manhã do dia seguinte.
Será uma moda, resultante do impacto dos telemóveis, e tudo voltará a ser como dantes, com o relógio a reocupar o seu espaço no pulso (um pouco como quando apareceram os relógios digitais e se previa o fim dos mecânicos, o que não aconteceu)? Ou o relógio, com o tempo, passará a ser apenas um objecto de decoração, como uma pulseira, um colar ou um piercing?
São semelhantes os desafios que se colocam à rádio tradicional: como conseguir captar a atenção para a rádio perante um aparelho que tem, além do próprio receptor de rádio, um leitor digital de música, máquina fotográfica, Internet e… televisão? Quem quererá ouvir a rádio? O que terá a rádio de fazer para sobreviver? Ou a rádio está condenada a acantonar-se, definitivamente, ao carro, por ausência de alternativas (sendo que nem isso é pacífico, uma vez que os leitores digitais – e portáteis – de música também podem ser ligados à aparelhagem do carro e, assim, substituírem a rádio)? Nesse caso, o mais preocupante é que a rádio passará a ser para uma “imensa minoria”, deixando de ter viabilidade económica (os anunciantes deixarão de investir…), de receber investimentos humanos e tecnológicos e ficando a marcar o seu próprio fim…

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